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Dia de Negócios para África: O diálogo entre os sectores público e privado

Artigo originalmente publicado em Djembe Communications

 

São as oportunidades e as necessidades que revigoram um interesse geral das empresas europeias e agências governamentais pelo continente Africano. Uma das consequências desta tendência emergente foi o impulsiono para um equivalente africano do Marshall Plan alemão, recentemente cunhada como “Compact with Africa”. Na Suíça, os investimentos para África receberam menos atenção. Contudo, não nos equivoquemos, as empresas suíças, muitas das quais estão entre as melhores do mundo quando se trata de inovação, máquinas e engenharia civil, há muito que tentam entrar nos mercados africanos, ao perceberem o potencial do continente. No entanto, os mercados africanos são muito diferentes dos Europeus. O diálogo entre as empresas estrangeiras e os governos africanos é imprescindível na procura de formas de melhorar a realização de negócios no continente e aumentar o investimento tão necessário. Uma das principais organizações que oferece uma plataforma a empresas suíças que actuam no mercado africano, bem como aos funcionários dos governos suíço e africanos para troca de experiencias é a Swiss-African Business Circle (SABC). A 23 de Junho de 2017 teve lugar em Zurique o maior encontro anual promovido pela SABC, o ‘Africa Business Day’. Este ano, centrou-se na digitalização em curso em África e as oportunidades que isso representa para as empresas suíças.

O ponto central deste evento de um dia foi uma discussão num painel composto por líderes empresariais africanos e suíços. Enquanto o painel discutia as consequências da digitalização, as perguntas subsequentes dos convidados, maioritariamente funcionários dos governos africanos, circunscreveram-se em torno de garantir o investimento. Confrontados com estas questões, Tobias Becker, um dos painelistas e Director do conglomerado tecnológico Suíço ABB Group (presente em 10 países africanos), enfatizou a importância de estabelecer uma concorrência produtiva entre os países africanos. Esta, referiu ele, foi uma das condições prévias para atrair mais empresas estrangeiras para África, especialmente no sector da manufacturação.

Outro painelista, Ayotunde Coker, Director Geral da Rack Centre, o principal centro de dados da África Ocidental, também partilhou que viu a situação melhorar ao longo dos últimos anos, especialmente no que se refere ao desembaraço aduaneiro. Usando a Nigéria como exemplo, Coker afirmou que as eleições provinciais têm se tornado mais transparentes e os governantes são expostos a uma pressão crescente para oferecerem soluções simples e práticas para muitas das questões relacionadas com as facilidades na realização de negócios. Becker, por sua vez, enfatizou que não basta uma administração eficiente para que os países africanos atraiam investimentos, mas a comunicação certa entre os países é bastante importante. Para sustentar o seu ponto de vista, ele usou o exemplo do Botswana, cujo tamanho relativamente pequeno tem dificultado a atracção do investimento para a indústria de manufacturação: “Em vez de correr como um touro contra a parede em busca de investimentos em manufacturação, o Botswana deveria usar a sua única conquista enquanto o país mais transparente de África, como marca, e atrair empregos ligados a confiança, por exemplo em serviços financeiros e armazenamento de dados”

A importância de adaptar a comunicação para atender as expectativas de uma sociedade cada mais digitalizada em Africa foi o foco central no workshop que aconteceu após o debate. Intitulado, “Entendendo o teu Cliente”, o referido workshop destacou o facto de haver mais de 300 milhões de utilizadores de internet em África, plataformas digitais, ferramentas e métodos de pagamento que influenciam cada vez mais o comportamento do consumo no continente. O uso das redes sociais cresceu em cerca de 50% em 2016, e actualmente há cerca de 170 milhões de utilizadores activos das redes sociais, dos quais, 150 milhões são telemóveis.  Uma forte presença na web, é, portanto, cada vez mais importante para o estabelecimento de uma marca sólida entre os consumidores africanos. No entanto, o Director Digital da Djembe, Walid El Alaoui Mrani, um dos líderes do workshop, questionou a aplicação de uma lógica tradicional de consumo.

“Em África, 42% dos utilizadores de internet têm uma conta no Facebook. Isto significa que existe um enorme potencial para o marketing e comunicação através das redes sociais. No entanto, o que gostaria de enfatizar é que precisamos de ir além das estratégias tradicionais do marketing e vermos os utilizadores africanos da rede mais como uma comunidade.”

Walid salientou que em média os utilizadores de internet em África são jovens de 20 anos que acabam de estudar e podem ser caracterizados como dinâmicos, reactivos e facilmente mobilizados através das redes sociais. E porque ainda há uma grande parte da população que não possui conexão com a internet, os que estão conectados são frequentemente influentes entre as suas famílias e amigos. Para cada utilizador da internet alcançado através da media digital, há mais pessoas que recebem a mensagem através dos seus amigos em quem eles confiam mais do que em qualquer anúncio tradicional que poderão ver. Isto cria um ambiente de mercado único que oferece às empresas um grande potencial para expandir a sua mensagem se entenderem a comunidade que procuram.

A comunicação continuará, portanto, a desempenhar um papel preponderante para qualquer empresa que espera fazer grandes negócios em África. Tanto especificamente na esfera digital como em geral, como um mecanismo de marca para garantir o investimento. O mais importante, no entanto, é que as empresas percebam as características únicas do mercado africano, e reciprocamente os governos deverão ajudar na identificação. É por isso que o ‘Africa Business Day’ é tao importante.

Leia mais sobre o Swiss African Business Circle e as suas próximas actividades e eventos.

Por Thomas McEnchroe, Suíça

 

 

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