Vídeo e fotografia: Eddie Pipocas
[vc_row][vc_column][vc_column_text]Domi tem 20 e poucos anos, uma carreira recente no hip hop tuga e já reúne quase quatro milhões de visualizações no YouTube. Começou a compor para si por volta dos 14 anos e em 2015 publicou o seu primeiro single online. E no final de 2017 assinou um contrato com a major label Universal Music Portugal. “Não Esqueço” é o seu novo single lançado no início de fevereiro, e a BANTUMEN esteve à conversa com o rapper algarvio sobre o seu percurso no meio da música.
O facto do pai e do tio serem amigos do pai de Sam The Kid levou-o a ter acesso prévio ao Pratica(Mente), lançado em 2006. Domi começa assim a criar uma ligação ao hip hop e dá início aos seus primeiros rascunhos de música que compunha para si próprio. “Comecei a escrever para mim, a expor no papel alguns sentimentos e coisas que se passavam. Até que comecei a aplicar em esquema rimático e comecei a aplicar em beats e comecei assim no rap, que depois se reflectiu no primeiro trabalho em 2015, que me deu este boom e que me permitiu estar aqui hoje e fazer aquilo que gosto”, explica.
A sua motivação para escrever começa quando ouve um beat. “Por norma tento ter sempre o beat primeiro. É importante porque o beat traz-te a vibe daquilo que vais escrever. Também é possível escrever sem o ter, mas lá está, encontrar depois um beat que transmita a vibe que senti [quando escrevi] é sempre mais complicado.”
Um dos denominadores comuns nas letras de rap são as dificuldades sociais e pessoais que os artistas encontram nas suas vidas, mas não é essa a abordagem de Domi. “No meu rap não falo tanto de problemas que são comuns à maioria da comunidade hip hop porque eu não os vivo. Seria mentira se eu falasse que passei por dificuldades, que vivo num bairro. Eu efectivamente cresci num bairro, mas toda a minha educação não culminou a que eu tenha a maioria dos problemas que alguns dentro do movimento hip hop têm. Todos nós temos os nossos problemas e eu expus os meus. O hip hop é isso, transpor a verdade. Principalmente, é ser real, é falar daquilo que se passa contigo. Mas não quer dizer que não vá para a rua e que não tenha contacto com o que outros membros do meio têm.”
Ainda dentro desse tema, Domi sublinha que é preciso relembrar a origem e essência do hip hop. “Acima de tudo o hip hop não tem cor, género ou classe social. Provém de uma certa classe social e foi inventado pelos negros. Mas ao longo dos tempos o hip hop foi-se incutindo na cultura portuguesa e foi evoluindo e tornou-se naquilo que é hoje e é um dos estilos mais ouvidos em Portugal no momento. Eu acho que há muita descriminação ainda no hip hop, e acho que nos esquecemos do porquê do hip hop e do porquê que fazemos isto. Há muita gente que se esqueceu que isto começou por ser um movimento e que estamos aqui para o mesmo, para elevar o mundo do hip hop. E hoje há muito mais concorrência no sentido de ‘tu não sabes o que estás a falar ou não passaste por aquilo, ou esta nova onda do trap’. Temos de saber adaptarmos e sabermos evoluir.”
“Há espaço para todos”
Sobre o trap, Domi tem uma opinião contrária à velha guarda do movimento que é claramente contra o novo estilo. “É uma nova cena que surgiu, com uma nova vibe, tem muitas diferenças daquilo que É o old school e do que provavelmente os mais velhos estão acostumados a ouvir, mas tem de se aproveitar o trap para que se conjugue com aquilo que o hip hop old school tem de bom para que possamos evoluir. É errado criticarmos esta nova fase. Há espaço para todos, cada um com o seu estilo, com a sua vibe, com a sua mensagem. Estamos aqui todos pelo mesmo e devíamos ajudar-nos mais uns aos outros do que querermos chegar primeiro que o outro. Temos de aceitar a diferença do outro, respeitar e aprender a valorizar o trabalho do outro.”
Apesar da Internet permitir à nova escola uma promoção e divulgação em tempo record, o apoio de uma grande produtora acaba por ser a catapulta para o sucesso. “Quando não tens uma major ou quando não tens alguém por trás, torna-se muito mais difícil teres exposição ou alguma visibilidade. Eu tive visibilidade mesmo antes de assinar com a Universal, graças a Deus. Foi um acaso. Eu sei que tinha o talento e aquilo que faço é real e reflecte aquilo que sou e é isso que faz as pessoas gostarem de ti. Se fores real contigo próprio só assim vais conseguir transmitir a mensagem que queres e assim as pessoas vão sentir que aquilo que estás a dizer é verdade, e isso tem de estar bem assente quer tenhas uma label que não.”
Mas nesta associação com grandes distribuidoras nem tudo são rosas, “também tem algumas limitações mas que não afectam aquilo que és ou a mensagem que tentas passar”.
Sobre os seus projectos para este ano, provavelmente vamos poder ouvir um álbum. “Em 2018 podemos esperar muita música, principalmente produzida pelo Charlie [Beats], que é um produtor com quem tenho uma relação fixe e que considero já meu amigo. Gosto bastante de trabalhar com ele. Podemos esperar também um álbum, mas não quero dar ainda grandes certezas de nada.”
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