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MIA 2024

A resistência de Cláudia Simões

10 de Outubro de 2024
A resistência de Cláudia Simões

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Cláudia Simões é um nome que tem marcado manchetes com diversas narrativas na mídia portuguesa nos últimos quatro anos e que uniu coletivos antirracistas, cidadãos e ativistas, mas é também o nome de uma mulher negra e mãe angolana que, no dia 19 de janeiro de 2020, numa paragem de autocarro do concelho da Amadora, foi vítima de uma das piores e mais desumanas formas de discriminação e agressão física injustificável. Mais recentemente, no dia 1 de julho de 2024, foi novamente vítima de violência estrutural, sendo condenada a uma pena suspensa de oito meses de prisão por “ofensa à integridade física qualificada”. Lea Komba esteve à conversa com Cláudia Simões, para podermos ouvir na primeira pessoa o impacto destes acontecimentos.


Ficamos a saber mais sobre a repercussão do caso e como a tem afetado, a si e à sua família. A mesma explica que os ataques racistas com certeza não pararam há quatro anos e seguem até a atualidade, principalmente por parte das instituições de justiça portuguesa. Cláudia explica que os ataques verbais foram constantes, sejam estes explícitos ou implícitos. Tanto no tribunal em julho de 2024 como ainda ao ser levada pela viatura dos agentes da PSP.


Cláudia conta-nos que mesmo durante o julgamento no tribunal de Sintra sentiu-se “humilhada”, pois observava que a sua narrativa estava a ser constantemente manipulada e ouviu diversos argumentos que tinham como intuito descredibilizar a experiência traumática que ela e a filha viveram.


As consequências económicas para Cláudia são o maior fardo que tem carregado. Com uma justiça inacessível, Cláudia explica que os custos com a sua própria defesa são diários e que por ter a sua imagem exposta publicamente torna mais difícil ainda a procura de emprego para poder custear as despesas do processo. Ela explica que “o sistema” tem tentado derrubá-la e desmotivá-la de diversas formas e entende que talvez os custos económicos e as burocracias legais sejam uma das formas que o sistema judicial tem usado para manipulá-la e cansá-la. Ainda assim, Cláudia não pretende desistir. “Exatamente por ser mais uma preta a passar por essa situação, não posso deixar isso passar em branco”, afirmou.


“Ele errou comigo e trouxe um trauma para a minha filha”, afirma durante a conversa. Cláudia explica que o impacto dessa violência foi muito mais que físico. Agora, na procura por estabilidade emocional e financeira, conta como a família, principalmente as filhas, foram afetadas e desenvolveram traumas que até hoje têm consequências severas na sua saúde mental e que é precisamente por elas que pretende dar continuidade à sua luta por justiça.


Para ouvires a conversa completa, acede à tua plataforma de streaming de áudio preferida.

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