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O misticismo e o sobrenatural sempre estiveram de alguma forma associados ao continente africano e a forma como é feito o ponto de ligação entre a vida e a morte pode ser transformado em verdadeiras celebrações artísticas. É o que acontece no Gana, mais propriamente em Accra.
Há cerca de seis décadas que os artesãos ganeses das regiões de Nungua (Ningowa) e Labadi (Labade) começaram a construir as suas próprias urnas funerárias, com a paixão que celebra a vida e o enigma da morte.
Numa forma de repensar a morte como uma ponto inseparável da vida, este caixões começaram a ganhar formas e fantasias associadas ao bem estar e vontades de cada pessoa.
Uma perspectiva artística não convencional, que na língua tradicional Ga (dialecto do Gana) os caixões de fantasia são chamados de Abebuu adekai. Um artista pode levar até três meses para construir a estética escultural da urna, substituído as convencionais caixas de madeira com alças de bronze por esculturas esculpidas à mão e extravagantes. As peças funerárias, além a sua finalidade lógica, também são usadas para desfiles rituais e até mesmo serem exibidas como arte.
Durante os funerais na costa de Greater Accra, dançarinos, músicos e criadores de funerais celebram a morte com cânticos onde as caixas podem ter formatos esculturais coloridas de garrafa de cerveja, microfones, lagosta, salmão, câmara, avião ou saco de arroz.
A oficina de Kane Kwei, que existe desde 1924 e fica entre uma barbearia e uma loja de roupa em Teshie, distribui até 100 caixões anualmente para ganeses residentes no exterior, bem como para coleccionadores no estrangeiro.
A origem do comércio está ligada à historia de um líder tradicional que encomendou uma escultura no formado de um avião. Este líder morreu pouco depois e a mesma encomenda foi convertida em caixão para o funeral. Kane Kwei redesenhou o caixão na forma de um avião para o líder, cujo sonho era ter um dia viajar de avião.
Eric Adjetey Anang, neto de Kane Kwei, começou a trabalhar na oficina aos oito anos de idade. Em 2009, o seu trabalho foi destaque no anúncio da Coca-Cola Aquarius TV e o seu trabalho já esteve exposto em Dakar, na Semana do Design de Milão, e no Museu Real de Ontário. Uma das usas obras mais importante e populares foi em 2014, quando construiu um caixão de peixe e encheu com plástico para relevar os problemas de resíduos em Filadélfia, EUA. Numa residência da Universidade de Madison, Anang abordou a violência armada da América do Norte com uma peça em forma de arma.
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