Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
A BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas regressa de 10 de setembro a 26 de outubro com uma edição inédita que divide a programação entre Lisboa e Madrid, estabelecendo um novo eixo ibérico de criação e apresentação artística. Com curadoria de John Romão, a quinta edição, intitulada Camino Irreal, reúne projetos que cruzam artes performativas, visuais, música e cinema, num convite ao desvio e ao deslocamento simbólico.
O evento, que desde 2017 tem explorado linguagens transdisciplinares, procura nesta edição confrontar o peso histórico da colonização e os atalhos distorcidos da era da pós-verdade. A programação inclui mais de três dezenas de artistas e coletivos internacionais, entre eles Tiago Rodrigues, Angélica Liddell, Niño de Elche, Aurora Bauzà & Pere Jou, Marcos Morau e Naufus Ramírez-Figueroa.
Entre os nomes confirmados, destaque para Dino D’Santiago e Kiluanji Kia Henda, ambos com obras que entrelaçam identidade, memória e resistência. O músico e ativista luso-cabo-verdiano apresenta a sua primeira ópera, “Adilson”, em estreia mundial. A obra, dividida em cinco atos, narra a história de um homem afrodescendente, nascido em Angola e filho de pais cabo-verdianos, que vive em Portugal há mais de 40 anos sem nunca ter obtido cidadania. A narrativa transforma burocracia e invisibilidade em poesia, refletindo sobre exclusão e identidade, projetando no palco um grito de pertença: “Eu não sou português. Eu sou Portugal. Um país à espera.” Depois da estreia no Centro Cultural de Belém, a 12 de setembro, o espetáculo passará também por Braga, Faro e Aveiro.
O artista angolano Kiluanji Kia Henda apresenta o seu maior projeto em Portugal, “Coral dos Corpos sem Norte”, uma instalação de grande escala no MAAT que reflete sobre migração, diáspora e as feridas do colonialismo. Inspirada nas histórias de travessia e nos perigos do Mediterrâneo, a obra assume-se como labirinto habitável, construído com grades que evocam a “geometria do medo” e com cabeças escultóricas que simbolizam vidas interrompidas no fundo do mar. Ao convidar o público a percorrer este espaço, Kia Henda transforma o visitante num viajante errante, confrontando-o com a experiência de deslocamento e a busca pela liberdade. A obra, visitável entre 4 de outubro e 3 de novembro, terá ativações performativas nos dias 5, 12 e 19 de outubro, no MAAT. Antes disso, nos dias 20 e 21 de setembro, estará patente na Sala Estúdio Valentim de Barros, no Teatro Nacional Dona Maria II.
A BoCA 2025 propõe um programa que vai do teatro à performance, da música ao cinema, incluindo estreias mundiais e colaborações com instituições como o Museu do Prado, a Cinemateca Portuguesa e o Teatro do Bairro Alto. A presença de Dino D’Santiago e Kiluanji Kia Henda reforça o papel da arte contemporânea como plataforma de denúncia e de desconstrução da história com projetos que exploram o legado da diáspora africana e questionam as barreiras físicas, políticas e simbólicas que continuam a moldar as sociedades pós-coloniais.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
Recomendações
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja