Chito Kaharam celebra o lançamento do seu primeiro álbum a solo, “Karta.01”

Na noite de 25 de outubro, o Estádio Califórnia, no bairro da Ajuda, acolheu o concerto de apresentação de KARTA 01, o primeiro álbum a solo de Chito Kaharam, figura destacada do rap guineense. Diante de um público atento, o artista apresentou em palco as faixas que marcam o início de um novo ciclo no seu percurso musical.

Depois de anos a afirmar-se como voz do coletivo Real Power, Chito decidiu seguir caminho próprio, levando para o microfone as histórias e vivências que o moldaram. KARTA 01 assume-se como uma espécie de confissão sonora, um conjunto de experiências, dúvidas e persistência transformadas em música, que espelha a maturidade de quem aprendeu a resistir dentro e fora do estúdio.

Para quem acompanha o seu percurso, esta transição não surge como surpresa. Desde cedo, Chito demonstrou vontade de experimentar novas linguagens e expandir o seu território criativo. No concerto, essa intenção ganhou corpo e em cada faixa, o músico revisitava capítulos da sua trajetória, reafirmando o desejo de ocupar o seu próprio espaço no panorama musical guineense.

O álbum conta com participação de Flavnais e de outros nomes da nova geração, num diálogo que reforça a continuidade entre o passado e o presente do rap nacional. O artista mantém o vínculo às suas origens, ao mesmo tempo que abre espaço para novas vozes e abordagens.

Musicalmente, Kaharam aposta numa estética híbrida, em que o rap se junta com elementos melódicos, e cria pontes entre o discurso lírico e a emoção. O resultado é um som que procura equilíbrio entre a força do verbo e a sensibilidade do sentir, ao mesmo tempo que reflete uma geração que reinventa o hip-hop sem perder o sotaque cultural que a define.

No palco do Califórnia, essa fusão ganhou vida num público participativo, que acompanhou refrões, levantou telemóveis e reconheceu o esforço de um artista que fez do improviso o seu laboratório de persistência. A energia em torno de Chito era também a de uma juventude que vê na arte um espaço de afirmação e resistência.

Além de apresentar o novo repertório, o músico partilhou o que considera ser a base do seu percurso: “O sucesso é resultado de anos de entrega, de noites em estúdios improvisados, de letras escritas entre trabalhos e responsabilidades, e de uma fé inabalável em que a música pode ser um instrumento de mudança”, afirmou.

A relação direta com o público e o domínio de palco revelam a confiança de quem encontrou o seu lugar num cenário em transformação. KARTA 01 soa como uma carta aberta ao próprio destino e, simultaneamente, como mensagem à juventude guineense, num contexto em que fazer música continua a exigir mais do que talento.