50 Anos depois, “O Processo” confronta a história de Angola através de ficção, memória coletiva e arquivo

13 de Agosto de 2025
circuito de exibição processo
Hélder Filipe, realizador e produtor executivo da série | DR

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No ano em que Angola assinala meio século de independência, o Circuito de Exibição da série O Processo propõe-se a criar um espaço de encontro entre gerações, onde memórias e reflexões sobre o passado se entrelaçam com o desejo de pensar o futuro. Criada por Hélder Filipe, realizador e produtor executivo, e por Gianni Gaspar Martins, também produtor executivo, a obra combina documentário, ficção e imagens de arquivo para reconstruir e problematizar um dos episódios mais marcantes da história recente do país: o julgamento que dá nome ao projeto, ocorrido no período pós-independência.

O objetivo não é apenas reconstituir factos, mas preservar e dar visibilidade a testemunhos muitas vezes esquecidos ou silenciados - combatentes, militantes de base, mulheres, exilados e jovens de hoje - e criar um debate crítico sobre a independência, entendida não como um evento fechado, mas como “um processo inacabado”. Para Gianni, trata-se de “mais do que uma série, um convite à reflexão colectiva sobre o nosso passado, presente e futuro”, gesto que ganha especial sentido num momento em que o país olha para a sua história com uma maturidade crítica renovada.

Sob a direção de Hélder, a narrativa recusa a neutralidade e não evita temas como a repressão, a tortura ou o colonialismo, valorizando também os gestos de coragem, sobrevivência e resistência que atravessam esse período. “A independência é mais do que um evento: é um processo inacabado”, sublinha o realizador, para quem a preservação da memória das primeiras gerações da liberdade é uma urgência.




O circuito passará por várias cidades de Angola e por outros espaços da lusofonia, apresentando episódios e trechos selecionados da série, sempre seguidos de conversas com especialistas, artistas, historiadores e comunidades locais. “Não é apenas assistir a uma obra, é criar um momento de reflexão partilhada, em que a arte possa ser motor de transformação social”, explica Gianni.

O envolvimento de ambos no projeto nasce de vivências marcadas por laços íntimos. Hélder alimentava há quase quinze anos o desejo de narrar os acontecimentos que culminaram naquele julgamento, ideia que ganhou forma “numa conversa de bar, com uma cerveja na mão”, quando, entre histórias e nomes, os fios soltos da memória começaram a ligar-se. Gianni traz consigo a herança familiar: é neto de Sebastião, um dos homens julgados no processo, e de Antónia, mulher que resistiu e sustentou a família nos tempos mais duros, cresceu a ouvir histórias que, nos silêncios e nas pausas, guardavam tanto quanto revelavam. “Quero que os jovens de hoje saibam o preço que foi pago pela liberdade. Que conheçam os rostos, os medos e as escolhas. Que não esqueçam.”

As datas e locais serão divulgados através das redes oficiais e parceiros locais. O convite é para chegar de mente aberta, disposto a ver, a ouvir, a falar e a participar, pois O Processo é, nas palavras dos seus autores, um projeto coletivo e precisa de todos.

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