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A presença da Djassi Africa na Web Summit volta a afirmar-se como um gesto de estratégia e visão, sobretudo num momento em que o ecossistema africano de inovação procura consolidar a sua posição no panorama global.
A organização, comprometida com o impacto social e económico, continua a defender que a tecnologia, o empreendedorismo e a criatividade são pilares indispensáveis para desbloquear o potencial da próxima geração de criadores africanos e afrodescendentes. Ao identificar e apoiar startups escaláveis, que utilizem tecnologia como ferramenta de desenvolvimento sustentável, a empresa liderada por Fernando e Rudolphe Cabral procura gerar valor a longo prazo e reforçar o papel de África no desenho da economia digital mundial.
No palco do Web Summit, esta missão ganha forma por meio de fundadores e ideias que revelam tanto a diversidade do continente quanto a capacidade real de propor soluções inovadoras para problemas persistentes. Da tecnologia ao turismo sustentável, da economia criativa à saúde digital, surge um conjunto de empreendedores que vê na inovação uma resposta tangível aos desafios das suas comunidades e, simultaneamente, uma oportunidade de projeção internacional.

Any Keila Pereira, fundadora da Maaip ©️ BANTUMEN
A Maaip, fundada por Any Keila Pereira, nasce da convicção de que o turismo africano perde demasiado valor para intermediários internacionais e da perceção de que existe um “fosso de informação” que mantém invisíveis muitas experiências locais. A empreendedora sublinha que o objetivo passa por garantir que o valor económico gerado pelo turismo chega, de facto, a quem constrói as experiências. Como explica, “o nosso objetivo é dar visibilidade às ofertas locais, permitindo que os viajantes encontrem e reservem diretamente com operadores africanos”, contrariando a ideia, ainda comum, de que pagar mais às agências internacionais beneficia os guias no terreno.
A plataforma utiliza inteligência artificial para organizar e recomendar experiências autênticas, respondendo à fragmentação do setor e à dificuldade que muitos viajantes enfrentam ao procurar vivências culturais verdadeiramente locais. A Maaip propõe, assim, um modelo que devolve autonomia aos turistas e reforça a sustentabilidade económica das comunidades africanas, ao mesmo tempo que promove uma relação mais direta e transparente entre quem viaja e quem recebe.
A participação na Web Summit teve como propósito não apenas apresentar a tecnologia, mas também estimular conversas e criar novas ligações. Any reforça que este ano procurou sobretudo “dar visibilidade ao que estamos a construir e incentivar as pessoas a interagir com a nossa plataforma”, destacando que as conexões criadas vão além da lógica de investimento financeiro, estendendo-se a parcerias estratégicas que fortalecem o projeto no longo prazo. Essa abertura para dialogar com outros criadores tecnológicos e identificar soluções complementares revela uma visão de crescimento que transcende a lógica estritamente comercial.
Ao posicionar-se como solução para um turismo mais justo, transparente e inclusivo, a Maaip desenha um novo paradigma para o setor: um turismo que não só dá a conhecer a África, como também devolve ao próprio continente o valor que lhe tem sido sistematicamente retirado.

Dulce Gomes, fundadora da ShftNight ©️ BANTUMEN
Noutro extremo do espectro da inovação apresentada pela Djassi Africa está a ShftNight, criada por Dulce Gomes, que procura responder à sobrecarga estrutural que afeta profissionais de saúde em todo o mundo. A empreendedora partiu da observação de um fenómeno que se agravou desde 2020 — turnos exaustivos, privação de sono e desgaste prolongado — para desenvolver uma ferramenta que atua preventivamente, monitorizando padrões de comportamento e de bem-estar laboral.
Dulce resume a essência do projeto ao afirmar que a aplicação “cria pontes entre os profissionais e as instituições de saúde, ao mesmo tempo que melhora o serviço prestado aos pacientes”, o que traduz o propósito de introduzir uma lógica de cuidado que contemple também quem trabalha na linha da frente. A ShftNight recorre à inteligência artificial para identificar sinais precoces de fadiga extrema, burnout e desequilíbrios associados ao trabalho contínuo, fornecendo métricas que podem apoiar decisões de gestão mais responsáveis.
A evidência científica reforça a necessidade de soluções como esta: a perturbação do ritmo circadiano, associada ao trabalho noturno prolongado, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas e oncológicas, o que sustenta a urgência de instrumentos preventivos. É nesse ponto que a aplicação se distingue, ao propor uma abordagem sistémica que não se limita a tratar consequências, mas procura antecipar riscos.
Durante a Web Summit, Dulce concentrou-se em evoluir o produto e em mapear novas parcerias. Nas suas palavras, a equipa procura colaborar com instituições públicas e seguradoras que possam integrar a solução e utilizá-la “para prevenir ausências e problemas decorrentes do excesso de trabalho”. O interesse recebido de entidades internacionais confirma a natureza global do problema e revela o potencial da ShftNight para afirmar-se numa área onde a inovação tecnológica e a saúde pública ainda têm muito espaço por explorar.
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