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Há sucessos que não se fazem por estratégia, mas por instinto. Por mais que a razão dite o contrário, lá no fundo, há sempre alguma coisa que aponta em direção ao caminho certo. Quando decidimos levar o MIA (Mês da Identidade Africana) para Luanda, há muito que sabíamos que era inevitável voltar à casa que nos viu nascer há dez anos. Foram vários os rascunhos mentais sobre como esse regresso deveria acontecer. Se seria com uma redação física, sonho que esbarra, ainda, nas distâncias e nos orçamentos, ou através de um gesto simbólico, que a todos relembrasse que aquela também é a nossa casa. E foi este segundo caminho que se impôs: regressar pela arte, pela conversa, pelo olhar partilhado, pelo propósito conjunto.
E só foi possível porque o fizemos a várias vozes. Primeiro, com o The Creative Hub by Cipro Group, que se reviu no nosso propósito e trouxe a sensibilidade curatorial que deu corpo à exposição As Camadas da Alma. Seguiu-se a galeria Plano B, do artista Aladino Jasse, a Textang, a Hausdown e a Authentic, que reforçaram a comunicação e o alcance desta iniciativa, e a Sogrape, que há três anos brinda connosco a cada edição do MIA. A sublinhar também que, este é o primeiro ano em que realizamos um MIA com o apoio da República Portuguesa e da Direção Geral das Artes, um passo que consideramos importante no reconhecimento institucional do nosso trabalho.
É fácil cair no erro de pensar que, por estarmos em África, não precisamos refletir sobre a nossa negritude. Que o simples facto de sermos maioria isenta-nos desse exercício. Muito pelo contrário. Talvez aqui seja até mais urgente fazê-lo, porque o pensamento colonial continua entranhado nas estruturas sociais, nas relações de poder, nas burocracias, nos padrões de beleza e nas hierarquias que moldam o nosso quotidiano. Por isso, em Luanda, como na Praia ou em Maputo, há espaço para este diálogo em que a arte é o espelho e a provocação.
Exposição “As Camadas da Alma” | BANTUMEN
Entre as obras de Edson Bernardo, de Moçambique, e Vernon de Castro, de Angola, a BANTUMEN teve a oportunidade de viver um comovente reencontro com o mar de gente que respondeu positivamente à chamada. Estavam lá Leonardo Wawuti, Pamina Sebastião, Abdiel, Ready Neutro, Inamoto e Hélder David, Keita Maianda, Dino Cross, Paulo Pombolo, Toty Sa’Med, Nayela, Andro del Pozo, entre tantos outros que vieram lembrar-nos que a BANTUMEN é, acima de tudo, um ponto de encontro.
E assim, entre arte, memórias revisitadas, abraços demorados e copos erguidos, foi oficialmente dado o arranque do Mês da Identidade Negra de 2025, que volta agora para Lisboa com um novo ciclo de eventos na Casa do Comum, de 5 a 15 de novembro, antes de seguir para o Porto.
Se há quatro anos, no início desta iniciativa, duvidamos se as pessoas iriam compreender o propósito, hoje sabemos que estamos no caminho certo, de mãos dadas com quem entende que a comunidade só avança quando aprende a olhar para o lado, e não apenas para a frente.
E porque parar é morrer, depois desta festança de encontros e celebrações, venha daí a Powerlist. Em breve, faremos os devidos spoilers.






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Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
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