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Luanda volta a afirmar-se como um dos polos emergentes da música urbana e de dança em África com a realização da 7.ª edição do Festival Canjala, marcada para 27 de dezembro. Sem cartaz anunciado e com acesso exclusivo por convite, o evento tem vindo a consolidar-se como o maior festival de Angola e como um caso singular de inovação cultural num setor marcado, à escala global, pela saturação de formatos e estratégias comerciais repetitivas.
De acordo com a organização, cerca de 80% da capacidade foi preenchida nos primeiros oito dias após o anúncio da edição de 2025, apesar da ausência de nomes confirmados publicamente. A lógica mantém-se inalterada desde as primeiras edições: o público não é mobilizado por cabeças de cartaz, mas pela confiança na experiência proposta, descrita como uma jornada noturna de 12 horas onde música eletrónica, percussão de matriz angolana, cenografia geométrica e tecnologia LED de grande escala se cruzam num mesmo espaço.
“O que fizemos é simples: acreditámos que era possível fazer em Angola, e fizemos”, refere a organização, sublinhando que “a verdadeira inovação não precisa de venture capital, precisa de visão”. Para o Team Arrogância, coletivo criativo responsável pelo festival, a Canjala ultrapassa o estatuto de evento musical e assume-se como um manifesto cultural assente na exclusividade, na comunidade e na autonomia criativa.
A edição deste ano deverá reunir mais de cinco mil participantes, com um alinhamento composto por dez DJs e artistas, incluindo um convidado internacional, garantindo 12 horas de música ininterrupta e a representação de mais de uma dezena de géneros musicais. A produção envolve cinco meses de preparação, cerca de 20 dias de montagem, 150 técnicos e criativos locais e um espaço imersivo com mais de 4.000 metros quadrados, concebido para integrar música, arte urbana, gastronomia e instalações interativas.
Criado em 2017 como um encontro informal para cerca de 50 pessoas num quintal, o Canjala registou um crescimento consistente, tendo a edição de 2024 reunido aproximadamente 4.500 participantes. “Este foi um sonho que começou com o objetivo de ter 50 participantes num quintal pequeno e hoje invade a mente de milhares de pessoas do país e do estrangeiro”, sublinha ainda a organização, destacando a forma como o evento se afastou deliberadamente de modelos de marketing agressivos, comuns em festivais europeus.
Outro dos elementos distintivos do festival é a dimensão comunitária, materializada nos chamados “Batalhões”, grupos organizados de participantes que criam códigos próprios de vestuário, coreografias e identidades coletivas, reforçando o sentimento de pertença. Paralelamente, a Canjala opera num modelo totalmente digital e sem recurso a papel, com sistemas avançados de rastreamento e segurança a funcionar nos bastidores, assegurando uma experiência contínua e sem fricções para o público.
Inspirado no conceito de “Kitota”, termo em kimbundu associado à celebração coletiva de conquistas, o festival afirma-se como um símbolo do potencial criativo angolano, ao cruzar vanguarda tecnológica e raízes culturais, numa proposta que parte de Luanda com ambição global.
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