Isabel Zuaa e Cleo Diára marcam presença no Festival de Cannes 2025

A atriz Isabel Zuaa integra a seleção oficial do Festival de Cannes 2025 com o filme O Agente Secreto, realizado por Kleber Mendonça Filho. Além da presença na longa-metragem brasileira, Zuaa participa também no painel A New Era of Identity, Impact & Global Cinema, promovido pela World Woman Foundation, que destaca questões de representatividade e diversidade nas narrativas audiovisuais globais.

No filme brasileiro, Isabel interpreta Teresa Vitória, uma mulher de origem angolana exilada no Brasil com o marido António, papel interpretado pelo ator angolano Licínio Januário. À BANTUMEN, descreveu a experiência como “calorosa e gratificante”.

“Fui super bem recebida, acarinhada e bem tratada na minha participação no filme, e sou grata pelo convite para estar na estreia”, partilha.

O Agente Secreto decorre no Brasil de 1977 e acompanha Marcelo, personagem interpretada por Wagner Moura, um professor de tecnologia de 40 anos que, tentando deixar para trás um passado violento, troca São Paulo pelo Recife na semana do Carnaval. O novo cenário, no entanto, rapidamente revela tensões inesperadas. A realização é de Kleber Mendonça Filho, cineasta conhecido por obras como Bacurau e O Som ao Redor.

A participação de Isabel Zuaa em Cannes não se resume à ficção. A convite da World Woman Foundation, será uma das vozes num painel de debate sobre identidade, impacto e diversidade no cinema global. “Estou muito feliz com este momento”, afirma.

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Recentemente, esteve na Guiné-Bissau a gravar um episódio do projeto Novas Narrativas de Caça, escrito e realizado por Cláudia Semedo para a RTP. Durante a estadia, participou ainda na Bienal MOAC BISS, apresentando a peça Aurora Negra, ao lado de Cleo Diára e Nádia Yracema, numa curadoria de Welket Bungué. “Foi uma alegria e uma honra muito grande apresentar este espectáculo nos nossos países de origem”, disse à BANTUMEN, referindo-se às apresentações em Cabo Verde, Angola e agora na Guiné-Bissau.

Após Cannes, Isabel segue para o Brasil, onde integra o elenco da peça Irmãs, adaptação de As Três Irmãs, de Tchekhov. O espetáculo estreia em junho no SESC Copacabana e conta com encenação de Renato Carrera e elenco composto por Dani Ornellas, Jamile Cazumbá e Alli Willow.

No auge da carreira, Zuaa foi distinguida como Melhor Atriz no 48.º Festival de Gramado, no Brasil, pelo filme Um Animal Amarelo, de Felipe Bragança, um prémio que coroa uma trajetória construída com consistência, rigor e visão artística. Além disso, foi também distinguida pela Powerlist da BANTUMEN como uma das 100 Personalidades Negras Mais Influentes da Lusofonia.

Outro nome em destaque nesta edição de Cannes é Cleo Diára. A atriz cabo-verdiana protagoniza O Riso e a Faca, nova longa-metragem de Pedro Pinho, incluída na secção Un Certain Regard, dedicada a obras com visões autorais singulares. O filme acompanha Sérgio Coragem, vivido por Jonathan Guilherme, um engenheiro ambiental português a trabalhar numa ONG na África Ocidental, e a sua relação complexa com dois habitantes locais, vividos por Cleo e Sérgio Coragem, num enredo que mergulha nas dinâmicas neocoloniais da presença europeia no continente.

Nascida na Cidade da Praia e radicada em Portugal desde os dez anos, Cleo tem trilhado um caminho relevante no teatro e no cinema. Foi cofundadora do projeto Aurora Negra, ao lado de Isabel Zuaa e Nádia Yracema, vencedor da Bolsa Amélia Rey Colaço em 2020. No grande ecrã, participou em títulos como Diamantino, exibido em Cannes em 2018, e Verão Danado, de Pedro Cabeleira.