Festival Med arranca com concerto de Ceuzany Pires

26 de Junho de 2025
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📸 Ceuzany Pires no concerto de abertura do Festival Med | BANTUMEN

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Arranca esta quinta-feira, em Loulé, o Festival Med, uma celebração cultural que, até 29 de junho, promete mais de 100 horas de música, 54 concertos, cerca de 300 artistas e quase 30 nacionalidades distribuídas por 12 palcos.


Embora tenha a música como foco principal, o evento funciona como um verdadeiro epicentro cultural com programação extensível ao cinema, às artes plásticas, à poesia, ao artesanato e atividades para crianças, num espaço onde o centro histórico de Loulé funciona como pano de fundo.


É junto ao Mercado de Loulé que se começam a ver os primeiros preparativos. Logo depois do arco da entrada principal, os panos em tons de amarelo, azul e vermelho - cores do festival - marcam a identidade visual do evento e funcionam como orientação para artistas, convidados, jornalistas e público não se perderem entre os lugares. A programação acontece em diferentes espaços e ao longo de todo o festival estão disponíveis bancas que espelham a diversidade cultural e o propósito do evento. “Sempre que virem panos com estas cores, estão no festival”, diz-nos Carlos Carmo, Vereador da Cultura e pessoa responsável por mostrar o recinto aos jornalistas e alguns membros da comitiva de Cabo Verde.



Com arranque oficial marcado para o dia 26 de junho, a organização antecipou as celebrações num encontro exclusivo para convidados e que ficou marcado pelo concerto de abertura, gratuito, de Ceuzany Pires. Carlos Carmo fez as honras da casa e, durante cerca de uma hora, mostrou alguns dos pontos principais do evento, bem como a dinâmica e logística do local. O centro histórico da cidade é habitado e, nesse sentido, foi necessário acautelar o bem estar dos moradores, garantindo que a montagem dos equipamentos não entrava em choque com a arquitetura. Toda a estrutura do evento foi montada numa lógica de “encaixe”, onde a produção jogou com o que tinha sem desvirtuar o que já existia. No dia 25 de junho, também apelidado de dia 0, era possível ver alguns elementos da equipa a ultimar detalhes para a abertura oficial, embora estivessem já estruturas montadas como é o caso do Palco Matriz, Palco Cerca, Palco Hammam e Palco Castelo, este último onde decorreu a cerimónia de abertura.

Cada um dos palcos fica localizado em sítios diferentes, mas a uma distância que permite ao público alternar entre um espetáculo e outro. O Palco Matriz funciona como palco principal do evento e serve como cenário principal para concertos onde é esperada uma afluência considerável de pessoas. É também no Palco Matriz que o cantor Dino D’Santiago e Os Tubarões atuam a 28 de junho, num dos concertos mais aguardados da edição. O Palco Cerca e o Palco Castelo, embora mais pequenos, funcionam também como elementos centrais da celebração. O Palco Hammam, montado nos jardins do Museu, tem um caráter simbólico e foi pensado para prestar homenagem às influências islâmicas da região.

Este ano, Cabo Verde assume o papel de país convidado do evento, numa celebração que antecipa o cinquentenário da independência do arquipélago. A “morabeza” e todas as expressões culturais do país estarão representadas durante todo o evento no Pátio Cabo Verde, local decorado a preceito - búzios, pano di terra, barcos e areia - para a ocasião. Logo à entrada do espaço, uma reinterpretação da fachada do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, fazia antever um mundo próprio dentro da imensidão de oferta do festival. Dúvidas houvesse, o som da gaita e do ferrinho foram suficientes para confirmar que o Med, particularmente este ano, tem muito de Cabo Verde. Ouviu-se Cesária Évora e Sara Tavares. Comeu-se cachupa e bebeu-se ponche no final. Estava dado o pontapé de saída para o arranque do festival e para o concerto de Ceuzany Pires, que se apresentou no Palco Castelo momentos depois.

A artista cabo-verdiana subiu ao palco por volta das 21:30, visivelmente contente por ter sido o nome escolhido para o concerto de abertura. Em declarações recentes à BANTUMEN, Ceuzany definiu o momento como “uma honra” aliada à responsabilidade de representar a sua cultura e o seu país. A comunidade cabo-verdiana em Loulé não tem a mesma expressão que em outras zonas do país mas, ainda assim, fez-se sentir e isso acabou por funcionar como segurança para a própria artista, que no final do concerto, acabou por chamar alguns elementos do público para dançarem com ela no palco.

Com mais de 15 anos de carreira, Ceuzany tem um repertório musical ligado à morna e à coladeira. Embora se aventure de vez em quando noutros registos, não esconde que é no tributo às raízes que se sente confortável e isso ficou evidente no concerto. Mindel d’novas, música que presta homenagem à Ilha de São Vicente, foi o ponto de partida para uma atuação onde a artista cantou também o tema Pedra Rum, uma crítica social ao uso de uma substância psicotrópica conhecida como “pedra”. Seguiram-se os temas Fera na Sucupira, Amor di mi ku bo e Cabo Verde La Fora. Sem se esquecer de quem a ajudou a catapultar a carreira, Ceuzany cantou Mnine da rua, um dos temas mais conhecidos da banda Cordas do Sol, da qual fez parte durante mais de uma década. Pelo meio seguiu-se uma homenagem a Jorge Neto, figura incontornável da música cabo verdiana falecido em 2020.

O concerto terminou com um agradecimento sincero ao público e com uma bandeira de Cabo Verde sob as costas da artista que vê na sua terra, nas suas gentes, e na sua cultura um manto que veste com orgulho.

A programação do festival segue até dia 29 de junho, data em que se realiza um concerto de homenagem a Sara Tavares. Dia 26 sobem ao Palco Matriz os Ferro Gaita, um dos grupos mais respeitados da música cabo verdiana.

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