“Hoje” o ritual de Jesuton, a Casa Capitão renovada e o olhar laranja do meu iPhone 17 Pro

6 de Outubro de 2025

Partilhar

Há álbuns que nos encontram quando precisamos de silêncio e outros quando precisamos de força. Hoje, o novo trabalho de Jesuton, chega com as duas coisas: uma paz que dança e uma energia que desperta. É música que respira ancestralidade, mas fala o idioma do agora, misturado o som de quem já caiu e aprendeu a levantar.

A artista londrina de mãe jamaicana e pai nigeriano, radicada no Brasil, lançou o disco no dia 26 de setembro. Dez faixas que cruzam soul, afrobeat, rap e MPB, com participações de Pongo, Slipmami, Rincon Sapiência e Trevo. E dias depois, trouxe esse ritual moderno até Lisboa, num concerto intimista na Casa Capitão, o primeiro desde a reabertura do espaço, agora sob gestão da equipa do Musicbox.

Encontrei Jesuton no dia anterior ao concerto, num fim de tarde luminoso. A entrevista foi filmada com o novo iPhone 17 Pro, editado através do Final Cut Camera, e o vídeo pode ser visto no canal de YouTube da BANTUMEN.

PUBLICIDADE

Universal Calema - colocar a 3 out - retirar a 10 out

“Não foram seis anos para fazer esse disco. Foram seis anos para me tornar a pessoa capaz de fazê-lo”

Jesuton

jesuton Casa Capitão

© BANTUMEN 

Falámos sobre o significado do título Hoje e a artista respondeu com a serenidade de quem já atravessou tempestades que “o momento presente é o mais poderoso. Quando comecei a focar no que consigo controlar, aprendi a celebrar o agora. É ali que mora a alegria.” A ideia de presença, de estar inteiro é o coração do álbum: nele Jesuton fala de fé, de reconstrução e de autoconhecimento. Cada música parece um espelho e, ao mesmo tempo, um convite a dançar de olhos fechados.

“Esse disco é um ritual moderno”, explicou. “Uma chamada para voltar para si, para respeitar o que se passa dentro da nossa própria cabeça. Respeitar Ori, o nosso guia.” No álbum, o espiritual e o urbano andam de mãos dadas. O tambor ancestral mistura-se com sintetizadores, a voz de terreiro cruza-se com o groove de pista. É como se a alma negra encontrasse novas frequências para contar as suas histórias.

As colaborações dão corpo a essa pluralidade. Slipmami traz o deboche e a liberdade da nova geração. Rincon Sapiência entra em Xangô com uma energia que é puro trovão. Trevo junta ironia e swing em Boy Lixo, uma sátira sobre amores tóxicos. “Cada voz entrou como um pilar deste rito”, contou Jesuton. “A música preta é mundial. É pop, é ancestral, é moderna, é alegre. E a gente tem muito para oferecer.”

Há também a presença dos produtores colombianos Dawn e Dan, que trazem um olhar global, e uma energia que conecta o Rio de Janeiro, São Paulo, Luanda e Lisboa num mesmo mapa sonoro. O disco foi gravado em vários países, em estúdios itinerantes, em madrugadas sem sono. “Dormir no estúdio, acordar com letra nova”, disse-me. “Foi visceral.”

Cheguei cedo ao concerto. A nova Casa Capitão tem alma de refúgio e corpo de cidade. O último andar, o “sótão”, estava cheio. Madeira crua, luz baixa, cheiro de vinho e som de ensaio vindo das paredes. Às 22h10, Jesuton subiu ao palco e começou o ritual com Feel Good.

Durante quase uma hora, o setlist alternou entre as novas faixas e homenagens a vozes que a formaram: Alcione, Elza Soares, Erykah Badu, Os Tincoãs. O público cantava, mas também meditava, havia algo sagrado em cada pausa. “Hoje é o dia que eu volto pra mim”, canta na faixa-título. E ali, no meio da multidão, parecia que todos voltávamos também.

“Esse disco é um ritual moderno, uma chamada para respeitar o que se passa dentro da nossa própria cabeça. Respeitar Ori, o nosso guia”

Jesuton

jesuton Casa Capitão

© BANTUMEN

A artista dançava, ria, agradecia, e por vezes fechava os olhos como quem reza em silêncio. Rainha (Ọya), dedicada à orixá dos ventos, foi um dos pontos altos: percussões em espiral, voz firme e uma luz avermelhada que parecia cortar o ar.

Filmar aquele concerto com o novo iPhone 17 Pro foi quase um ato de comunhão tecnológica. A lente telefoto captou os detalhes da expressão de Jesuton com nitidez impressionante, mesmo sob pouca luz. O modo ProRes deu textura cinematográfica às imagens tons quentes, profundidade real e som limpo.

O novo chip A19 e o sensor adaptativo ajustaram-se à luz da sala sem perda de contraste. Cada reflexo dourado, cada gota de suor, cada aplauso tudo ficou registado como se o telefone entendesse o momento.

Na manhã seguinte, voltei a ouvir o álbum nos AirPods Pro 3, com o cancelamento ativo ligado. Fechei os olhos e revi a noite inteira em som 3D. Hoje soava como se ainda estivesse a acontecer, como se a voz de Jesuton ecoasse dentro da minha cabeça e dissesse: “Acorda. Estás aqui.”

Durante a entrevista, houve uma frase que ficou a ecoar: “Não foram seis anos para fazer esse disco. Foram seis anos para me tornar a pessoa capaz de fazê-lo.” Essa ideia define Hoje: é o som de quem sobreviveu a si mesma. Jesuton fala sobre queda, cura e retorno com uma maturidade que só o tempo e a dor podem ensinar. No fim do concerto, antes do encore, agradeceu em português com sotaque carioca e riso leve: “Obrigada por estarem comigo. Este disco é nosso.” Quando o último acorde de Drip desapareceu, percebi que estava a segurar o telefone sem gravar. Às vezes, a melhor imagem é aquela que fica dentro da gente.

Nos dias seguintes, Lisboa pareceu diferente. Caminhei pela cidade a ouvir o álbum e a rever o concerto no ecrã do iPhone como quem tenta prolongar o instante. A música de Jesuton tem essa capacidade rara de empurrar-nos de volta para dentro, para o agora, para o que realmente está a acontecer.

Acredito que cada geração tem os seus rituais. Alguns são antigos, outros nascem com tecnologia. Hoje é ambos. É tambor e beat, raiz e código, sagrado e digital.

E talvez seja isso o que Jesuton quis dizer quando cantou “Hoje é o dia que eu volto pra mim”. Porque às vezes, o presente é tudo o que temos. E é o suficiente.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.

bantumen.com desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile