Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
Recentemente, o nome de José Coio tornou-se destaque nos meios de comunicação angolanos e nas redes sociais, após ser distinguido com o prémio “Coup de Cœur du Jury”, durante o evento ICI ON AGIT, realizado nos dias 25 e 26 de abril de 2025, em Nancy, França.
Natural de Angola e com apenas 24 anos, José é bolseiro do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET) e frequenta o curso de Engenharia Industrial e Manutenção no IUT de Thionville-Yutz, em regime de alternância com funções de mecânico de manutenção industrial na empresa Ineo Equans France.
O reconhecimento foi atribuído à Trooky, uma plataforma digital criada por José, pensada para facilitar a troca, doação ou venda de objetos entre estudantes universitários. A BANTUMEN conversou com José Coio, que partilhou como nasceu a ideia da Trooky. “Surgiu de uma experiência pessoal. Estudando no exterior, percebi que os estudantes mudam frequentemente de casa e, nas mudanças, muitos acabam por deitar fora objetos úteis por não conseguirem levá-los consigo. Ao mesmo tempo, há estudantes recém-chegados que precisam exatamente desses itens, mas enfrentam dificuldades financeiras para os adquirir. Além disso, muitos acumulam coisas que já não utilizam, como livros, roupas, móveis ou eletrodomésticos. A Trooky surgiu como uma solução prática e sustentável para facilitar essa troca entre estudantes, promovendo a solidariedade e o reaproveitamento”.
O prémio “Coup de Cœur du Jury” é uma das distinções atribuídas no âmbito do Grand Prix “Ici On Agit”, iniciativa promovida pelo grupo de media francês EBRA, responsável por publicações como L’Est Républicain, Le Républicain Lorrain e Vosges Matin. Esta distinção reconhece projetos com forte impacto ambiental, carácter inovador e contributo social relevante.
Ao longo da conversa, José Coio admitiu à BANTUMEN que o processo de criação da Trooky foi tudo menos fácil, marcado por desafios nas áreas financeira, tecnológica e cultural. “Os maiores desafios foram tecnológicos, financeiros e culturais. Criar uma plataforma com poucos recursos exigiu muito esforço técnico. Culturalmente, foi difícil promover a confiança entre estudantes. Superei isso inserindo-me na comunidade local e conectando-me ao ecossistema empreendedor francês”, explicou.
Ao ser questionado sobre como tem sido conciliar a vida profissional com a académica, José revelou que tudo está ligado ao propósito que o acompanha desde que deixou Angola. “Passo duas semanas em aula e duas semanas a trabalhar como mecânico de manutenção industrial numa das maiores empresas de manutenção em França. Como já tinha uma base sólida das licenciaturas que fazia em Angola, a parte académica tornou-se mais leve. Para equilibrar tudo, sigo um princípio que me guia diariamente, de dia trabalho na empresa, à noite, trabalho nos meus próprios sonhos. É assim que consigo avançar com o Trooky sem deixar nada para trás.
Quanto a possibilidade de levar este projeto ao seu país de origem, o autor responde sem hesitar: Sim, está nos nossos planos adaptar o Trooky para contextos africanos, incluindo universidades em Angola. No entanto, estamos primeiro a consolidar e escalar a plataforma em França, para depois expandir de forma estruturada para outros países.
Com este reconhecimento, José Coio gostaria de mostrar a outros jovens angolanos, e não só, que todos são capazes de construir um caminho brilhante, independentemente da sua origem ou das dificuldades que enfrentam. “Num mundo onde alguns países estão no topo, nós também podemos chegar lá. Basta foco, esforço e investir no que realmente importa”. José acrescenta ainda: “O talento não tem nacionalidade, o que muda é o acesso às oportunidades. E mesmo quando essas oportunidades parecem distantes, com coragem, persistência e visão, podemos criá-las”.
Durante a conversa, José fez questão de deixar uma mensagem aos jovens angolanos: “Comecem com o que têm, onde estão e nunca subestimem o poder de uma ideia com propósito. Inovar não é sobre ter muitos recursos, é sobre identificar problemas reais e ter coragem de agir. O mundo precisa de soluções novas, mas, acima de tudo, precisa de pessoas comprometidas”.
Antes de partir para o exterior com uma bolsa de estudos, Coio frequentou simultaneamente dois cursos superiores em Angola, Engenharia Química no ISPTEC e Engenharia de Petróleos na UAN, ambos até ao 4.º ano. Além deste mais recente prémio, José Coio soma já um percurso recheado de distinções. Foi finalista global do Climate Launchpad 2022 com o projecto AngoCultiva, integrando em 2023 a lista das 16 melhores startups verdes do mundo. Venceu o LISPA BOOST, concurso de inovação promovido pelo Banco Nacional de Angola e pelo Ministério do Ensino Superior, com a plataforma Estudante Carneiro. Foi também reconhecido pela Câmara de Comércio Reino Unido-Angola, na categoria de Ciências e Tecnologia, pelo seu contributo relevante para a educação em Angola.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
Recomendações
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja