Kurguen, os sneakers de “amar e proteger” que nasceram em família

A Kurguen é uma marca de sneakers e acessórios a tentar ocupar espaço no mercado, que nasceu de um projeto de família, e que transformar-se num movimento cultural com raízes africanas e ambição global. Por trás da ideia está Miguel Kapone, fundador da produtora audiovisual angolana bmworkz.

O nome da marca carrega logo a essência do projeto. “Kurguen significa família, onde ‘amar e proteger’ surge como moto para tudo o que a mesma representa. É uma marca de família para a extensão da nossa família pelo mundo”, explica o fundador.

O lema “amar e proteger” não é só sobre a ideia clássica de família enquanto porto seguro. Tem também uma camada cultural e política. “Família é o nosso refúgio tanto para buscar e partilhar amor, assim como buscar proteção. Tem também uma outra mensagem: abraçar (amar) as marcas feitas por africanos como abraçamos as demais e as proteger, criando oportunidades de nos identificar com essas marcas sem ser muito político sobre o tema”.

O ADN da Kurguen está dividido entre Luanda, Lisboa e Londres, três cidades que moldaram a identidade dos criadores e, ao mesmo tempo, refletem a realidade de tantos jovens da diáspora. “É o meu DNA, nascido em Luanda, crescer em Lisboa e se fazer homem em Londres. Hoje em dia não somos somente o nosso passado. O nosso presente tem criado novos futuros e com isso, por vezes, traz conflitos de personalidade. Ter uma marca que ajude a trazer essa aceitação é o primeiro passo para explodirmos como seres únicos”, diz-nos o fundador Miguel.

O primeiro lançamento, batizado de Kurguen Luanda, foi um mergulho em águas desconhecidas. “É uma área que eu não dominava, desde conhecer os parceiros certos, desenhar, trazer luxo e qualidade… fazer uns ténis é um processo dez vezes mais desafiante que uma T-shirt”, recorda, entre gargalhadas, ao falar das dificuldades de explicar a fornecedores estrangeiros o que queriam e receber produtos que não tinham nada a ver com o pedido. Mas cada obstáculo foi combustível para chegar mais longe e solidificar a proposta de quiet luxury. “Luxo porque é merecedor África ter representação no nível mais alto e podermos ser uma referência de comparação com grandes marcas líderes do mercado. Quiet porque é uma marca familiar e como toda a família, começa de ‘dentro’”.

Desembrulhar uma nova compra ou presente tornou-se n'"A experiência" dos últimos anos, por conta das redes sociais e o unboxing da Kurgen não poderia fugir à regra. O momento de abrir a caixa é quase um ritual. Os sneakers vêm com duas palmilhas para diferentes formatos de pé, calçadeiras para ajudar no ajuste, meias feitas à medida e uma embalagem que pode ser usada como bag, reduzindo o uso de plásticos. “São respostas práticas aos problemas que encontramos: pés diferentes, sneakers justos, meias que não encaixavam e a necessidade de reduzir plásticos desnecessários”.

E há outro detalhe que faz toda a diferença: a exclusividade. Cada modelo é limitado a 200 pares em todo o mundo. “A ideia é que as pessoas possam ver a Kurgen como um investimento e amanhã a sua compra poder valer ainda mais, não só comercialmente mas por tudo aquilo que a marca pretende representar no futuro”.

Quem veste Kurguen veste família

Em Angola, a reação foi imediata. “Angola abraçou, identificaram-se com a marca e todos tornaram-se embaixadores”, confirmou Miguel, acrescentando que já chegaram pedidos de sneakers da Ásia, da América e da Europa. O lançamento em Lisboa, marcado para o dia 27 de agosto, é um passo internacional clássico, mas também a confirmação de que a marca se construiu em três geografias desde o início. “Quem é Kurgen é cidadão do mundo”, afirma, sublinhando a importância de parceiros como Visar e Rose Palhares em Angola e a Latte em Portugal.

Não é à toa que nomes como Maria Borges, Rose Palhares e Gilmário Vemba se associaram à marca. “São família! Não é um protocolo comercial, são pessoas que têm o mesmo ADN que os fundadores da marca”, garantem. Mais do que influenciadores, são vozes que representam excelência sem rótulos limitadores. “Quando se trata de intervenções de africanos, parece que se for algo feito por africanos o medíocre é bom o suficiente. Então quem representa esta marca acredita na excelência de fazer sem ser catalogado como africano, mas sim como excelente!”

O próximo passo da marca será o lançamento de novos modelos de sneakers e acessórios, consolidando a Kurguen como referência em calçado de qualidade. No horizonte, a visão é ainda maior: “Trazer orgulho e sentido de pertença para todos os cidadãos do mundo que encontrem na marca um statement para dizer que existe uma comunidade, um movimento que os apoia em cada passo importante que eles queiram dar”.