Lince Hood regressa à origem com o single “Lince Hood ”

Depois de 15 anos fora de Angola, Lince Hood assina o seu regresso com o single “Voltei”. A música, lançada a 2 de agosto, não é só mais uma faixa no repertório do rapper radicado em França é uma espécie de reencontro com o país onde nasceu, cresceu e começou a rimar.

Nascido no Huambo, Kiame Vieira, nome por trás de Lince Hood, deixou Angola há mais de década e meia, mas manteve sempre o vínculo afetivo e criativo com o país que o viu nascer. “Voltei” é materialização e reflexo disso, numa música atravessada pela saudade, observação e reconexão, ainda que através de palavras e imagens.

Produzido por MD Beats, produtor ganês radicado na Bélgica, o tema conta com videoclipe gravado em Malanje e nas margens do rio Kwanza. A letra e melodia são da autoria de Lince, num processo colaborativo que juntou várias geografias e sensibilidades. A realização, edição e color grading ficaram a cargo da Malefilmz, enquanto a captação, mistura e masterização foram asseguradas por Anis ST.

“O tema e o instrumental já existiam quando aterrei em Angola. Gravei as vozes no quarto do hotel, com o apoio de uma família que me ajudou a concretizar este projeto”, explica o artista, sublinhando a importância da vivência local para dar corpo à ideia que já trazia consigo.

“Voltei” aborda temas como a distância, a mudança e o retorno, dirigindo-se tanto à diáspora angolana como a quem vive no país e acompanha de perto as suas transformações. Com este lançamento, Hood quer “renascer a cena angolana”, trazendo de volta a bagagem adquirida além-fronteiras, mas com os olhos postos nas origens.

O percurso musical de Kiame Vieira começou nos anos 1990, no Huambo, quando imitava os SSP nas atividades escolares. Tentou profissionalizar-se em 2010, mas só em 2020 retomaria o projeto artístico com o single “Balenciaga”, já em França. O reconhecimento viria no ano seguinte, com “Na Minha Mãe” (2021), que lhe valeu audiências fiéis em França, Portugal e Angola.

Influenciado pelo rap francês e aberto a sonoridades afrobeat, Lince Hood tem vindo a definir um estilo próprio, marcado pela fusão de línguas, batidas e experiências vividas. A sua discografia recente inclui também “Solta o Fumo” (2022) e “Falam Mâle” (2023), reflexos de um artista em trânsito, que rima com os pés no mundo mas o coração voltado para casa.