Migrant Women Press entre os finalistas do maior prémio de diversidade do Reino Unido

Criada pela jornalista brasileira Juliana da Penha e com sede na Escócia, a Migrant Women Press é uma plataforma de jornalismo independente focada em amplificar as vozes de mulheres migrantes e racializadas. Em 2025, o seu trabalho pioneiro e transformador valeu-lhe um lugar entre os finalistas do National Diversity Awards, um dos mais prestigiados prémios de diversidade do Reino Unido.

A distinção chega através da categoria “Organização Comunitária: Género”, num universo de mais de 85 mil indicações, de onde foram selecionados apenas 125 finalistas. Os prémios, promovidos em parceria com o HSBC UK, destacam iniciativas e pessoas que promovem, na prática, a inclusão e a equidade social.

Com uma abordagem interseccional e comprometida com os direitos humanos, a Migrant Women Press tem vindo a criar espaço para que mulheres marginalizadas possam contar as suas próprias histórias, nos seus próprios termos. Numa indústria mediática ainda marcada por estruturas excludentes, o projecto desafia o discurso dominante, descoloniza a narrativa e reposiciona as protagonistas. “Este reconhecimento valida o impacto do nosso trabalho e o esforço que dedicamos para transformar o cenário da comunicação social. Queremos garantir que as vozes das mulheres migrantes e racializadas sejam realmente ouvidas”, afirma Juliana da Penha, fundadora e diretora da plataforma.

Nascida em São Paulo, Juliana vive há mais de uma década em Glasgow. É formada em Estudos Culturais e Comunicação pela Universidade de Lisboa, tem um Mestrado em Direitos Humanos e Política Internacional pela Universidade de Glasgow, um diploma NCTJ em Jornalismo e uma pós-graduação em Inovação e Liderança no Jornalismo pela University of Central Lancashire.

A sua motivação é inseparável da própria trajetória como mulher negra, migrante e jornalista, sentiu de perto os efeitos do racismo estrutural nos meios de comunicação britânicos e europeus, tendo sido durante anos impedida de exercer a profissão. Em 2020, decidiu romper o ciclo criando a Migrant Women Press, que rapidamente se tornou num projecto colectivo, reunindo vozes de mulheres oriundas de mais de 30 países.

O prémio chega num contexto particularmente desafiante. “Vivemos tempos em que o financiamento e o apoio são escassos. Isso torna a ação comunitária num recurso inestimável e, para muitas pessoas, é literalmente uma tábua de salvação,” afirmou Paul Sesay, CEO da Inclusive Companies e fundador do National Diversity Awards.

A gala de entrega dos prémios será realizada a 19 de setembro, na Catedral Anglicana de Liverpool, e será apresentada por Clare Balding, uma das mais reconhecidas comunicadoras britânicas, conhecida pelo seu trabalho em prol da diversidade e inclusão. “Estes prémios iluminam a força e a positividade de uma sociedade inclusiva. Reconhecer o impacto de pessoas e organizações que melhoram o mundo ao seu redor é absolutamente vital”, disse Balding.

Além da Migrant Women Press, a lista de finalistas na categoria Organização Comunitária: Género inclui ainda projetos como ADHD Babes, Blackburne House, Endo Buddies, Stow Inspire, Train the Boys, Women in Data e Womenzone.

O National Diversity Awards, atualmente na sua 14.ª edição, tornou-se uma referência internacional na valorização de projetos que enfrentam, todos os dias, as barreiras da exclusão. Para Juliana e para todas as mulheres que integram a plataforma, a nomeação representa uma afirmação colectiva de que o jornalismo feito por e para mulheres migrantes não é exceção, é a regra que está por vir.