Guiné-Bissau estreia Bienal MoAC Biss com foco na identidade e liberdade cultural

5 de Maio de 2025
moac biss 2025
📸 Samba Baldé

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A Guiné-Bissau acolhe, de 1 a 31 de maio de 2025, a primeira edição da Bienal MoAC Biss, um evento dedicado à arte e cultura nacionais. Com o lema “Mandjuandadi: Identidades em Liberdade”, a bienal decorre em Bissau e propõe-se a ser uma plataforma de reflexão, intercâmbio e afirmação da diversidade cultural guineense e africana.


A MoAC Biss - sigla para Movimento Artístico e Cultural - é organizada pela Fundação Bienal MoAC Biss e coordenada por uma equipa de curadores composta por nomes como Miguel de Barros, António Spencer Embaló, Zaida Pereira, Welket Bungué e Nú Barreto. A ambição passa por posicionar a Guiné-Bissau como um polo artístico de relevo na África Ocidental, promovendo o diálogo intergeracional, a inovação criativa e a valorização das expressões artísticas locais, muitas vezes invisibilizadas em contextos internacionais.


Durante todo o mês de maio, a bienal reunirá artistas, académicos, activistas, curadores e membros da sociedade civil em torno de um programa diverso que abrange artes visuais, teatro, literatura, música, cinema e pensamento crítico. A programação inclui exposições, oficinas, residências artísticas, espectáculos, lançamentos de livros e conferências abertas ao público.



📸 Samba Baldé


A cerimónia de abertura teve lugar no dia 1 de maio, com a inauguração de exposições colectivas e uma conferência internacional que dá o tom ao mês de atividades. Logo nos primeiros dias, a 5 de maio, o documentário “Mama Guiné” será exibido, resgatando a memória e o papel das mulheres guineenses nas lutas sociais e políticas do país. No mesmo dia será lançado o projeto “Artesões da Guiné-Bissau”, uma homenagem ao saber-fazer tradicional e à transmissão intergeracional de conhecimento artesanal.


O teatro marcará presença com várias propostas que aliam estética e crítica social. A 7 de maio, o espectáculo “As Águas Também Choram” trará ao palco reflexões sobre as memórias silenciadas da história guineense, com uma abordagem centrada no trauma colectivo e na resistência. A bienal encerra no dia 31 com o espectáculo “Arus Femia” e o jantar comunitário “Kabantada ki Kunsada”, um momento de celebração e partilha em torno da diversidade cultural do país.


A música terá também um papel central, com destaque para o workshop “Mandjuandadi, matriz de uma nação”, que terá lugar no Dia de África, 25 de maio. Conduzido pela cantora e activista Karyna Gomes, o encontro propõe uma reflexão sobre o poder da música como ferramenta de identidade, transmissão oral e coesão social. Nesse mesmo dia, será lançado o livro “Amílcar Cabral – Um Nacionalista e Pan-Africanista Revolucionário”, uma obra que aprofunda o legado político e intelectual de uma das figuras mais marcantes da história da Guiné-Bissau e do pan-africanismo.


O conceito de mandjuandadi — termo tradicional que remete à solidariedade, convivialidade e construção comunitária — serve de fio condutor a toda a programação, sendo convocado como ponto de partida para pensar as identidades guineenses e africanas em liberdade. A Fundação Bienal MoAC Biss afirma que esta será uma oportunidade para “criar, dialogar e imaginar futuros possíveis”, cruzando o saber tradicional com linguagens contemporâneas.


A Bienal MoAC Biss posiciona-se como um marco cultural no panorama lusófono e africano, integrando a Guiné-Bissau no circuito das bienais do continente, como a de Dakar, no Senegal, ou de Lubumbashi na República Democrática do Congo. Mais do que uma mostra de obras, o evento assume-se como um espaço de pensamento crítico e valorização da criatividade como motor de desenvolvimento cultural.

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