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Aos 25 anos, Naomy Vissolela afirma-se como uma das vozes emergentes da arte contemporânea lusófona. Angolana, formada em Gestão de Media pela Universidade de Miami e com vivências entre Nova Iorque e Lisboa, é artista, produtora e curadora da exposição Retorno, um manifesto visual, sonoro e literário sobre ancestralidade, diáspora e emancipação feminina. Nesta conversa conduzida por Lea Komba, Vissolela partilha o percurso que a levou da infância criativa em Luanda à construção de um espaço cultural que dá palco às narrativas de mulheres africanas e afrodescendentes.
Naomy Vissolela é uma artista angolana multidisciplinar de 25 anos, residente em Nova Iorque e Lisboa. É formada em Gestão de Media pela Universidade de Miami, além de ser produtora de eventos e curadora da sua exposição de estreia, Retorno.
Nesta conversa, Naomy começa por narrar a sua trajetória artística, remetendo-nos a uma infância que todos nós vivemos: uma infância descolada, brincalhona e artística, onde dançava e cantava com primas e amigas. Mas, diferente de muitos, essa veia artística tornou-se para Naomy o centro da sua vida adulta, tanto profissional quanto académica.
Esta jovem angolana, com raízes em Luanda e experiências culturais que transitam entre Miami, Lisboa e Nova Iorque, começou a explorar o mundo artístico através da música, quando se mudou para os Estados Unidos aos 13 anos. Lá, passou a trabalhar nas áreas de engenharia de som e assistência de palco ainda no ensino secundário.
Durante esta conversa, Naomy também revela as diversas experiências que inspiram a sua missão como mulher lusófona no mundo artístico. Ela conta que ter vivido microagressões raciais nos EUA e o episódio de ter perdido uma amiga, vítima de violência de género em Angola, foram experiências que a ajudaram a entender o poder de se posicionar como artista. Naomy utiliza sua arte para comunicar o empoderamento negro e feminino. Usar a sua voz e plataforma digital foi o primeiro passo dessa jornada, levando-a a começar um projeto de ativismo em 2020 [@cronicasdeumahoe] que envolvia a produção de uma série de podcasts com o objetivo de promover a educação sexual entre jovens angolanos.
A música sempre fez parte da sua personalidade artística. Apesar de uma carreira com altos e baixos, essa paixão é a principal inspiração por trás da sua exposição Retorno. Este evento, que decorreu de 1 a 15 de maio no Brooklyn, em Nova Iorque, foi uma verdadeira celebração da arte e identidade feminina lusófona no coração da capital do mundo. A exposição multidisciplinar, que combinou arte visual, literatura e música ao vivo, começou como um projeto para a sua tese de mestrado em Gestão de Artes e Empreendedorismo na The New School. Foi inspirada pelo sentimento de voltar às raízes africanas e explorar temas como ancestralidade, diáspora, migração e emancipação feminina nas artes.
Naomy conta que o seu processo criativo para a curadoria da exposição começou com entrevistas que envolveram não só comunidades africanas lusófonas, mas também latinas e caribenhas, o que a levou a descobrir um elo cultural entre elas. Esse processo foi também alimentado pela constatação da escassez de plataformas e do apoio institucional às comunidades frequentemente marginalizadas por estruturas coloniais e de exclusão de género. Como mulher angolana, a curadora sentiu a urgência de iniciar uma revolução cultural, trazendo à tona a arte das mulheres dos PALOP.
Esta celebração cultural rica, que também foi um espaço de conexão, reflexão e narração de histórias, reuniu um grupo diversificado de artistas cujas obras exploram a identidade e herança cultural lusófona de formas únicas. Alguns dos nomes presentes foram: Andreia Costa, Sara Chagas, Eneri Lopes, Cynthia Mangueira, Márcia Raquel, Nakeny Silva, Ella Statmiller, Sandra Baldé, Elsyn, Tania, Euritsy Bernardo e ZenGxrl.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
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