Nilton CM regressa com "A Mesa", uma crítica social que não poupa ninguém

Lançada a 16 de maio, “A Mesa” conta com produção de Lil Drake Beatz e traz um dueto com RNB GUCCI, o alter ego de Nilton. É o primeiro aperitivo do álbum “Sinto Muito”, previsto para o terceiro trimestre de 2025, e já deixa claro que não vamos ter um disco de estante, mas sim um companheiro de bolso: para ouvir “sempre, sempre, sempre”.

Mas calorosos beats à parte, o que salta à vista são umas letras afiadas como navalha. Nilton não poupa ninguém: amigos que traem, relações tóxicas, pais que abandonam filhos e a loucura dos likes nas redes sociais. O refrão irónico é um sarcástico “Parabéns”, dedicado a quem sobe “à mesa” sem moral, pisando quem for preciso para ter sucesso instantâneo.

Sobre as metas comerciais, o rapper assume sem rodeios: “Eu não sou um rapper de números astronómicos porque a minha abordagem não é tão comercial, mas sei que impacto centenas, milhares de pessoas com o que canto. Isso para mim é o mais importante”, disse em entrevista à BANTUMEN.

Nilton olha para a cena musical angolana com olhos críticos: elogia a energia e o surgimento de tantos novos criadores, “mantenho a chama do game acesa”, mas denuncia um mercado “viciado em métricas” que valoriza apenas números de streams e likes, em vez de autenticidade, identidade ou mensagem.

Por isso, o artista decidiu seguir o seu próprio caminho. Quer fazer música intemporal e servir de “wake-up call”: “Estou muito focado em espalhar mensagens com base nas minhas experiências e no que absorvo de outras pessoas diariamente.”

A separação da TRX Music não foi fácil, foram 14 anos de história partilhada — mas, como explicou Nilton, “as nossas visões para o futuro do grupo divergiam. Preferi apostar tudo na minha carreira solo e na minha visão artística.”

Com vários prémios no currículo (Angola Music Awards, Sapo Awards, Angola Hip Hop Awards e Globos de Ouro), Nilton CM continua a navegar entre o rap introspectivo e o R&B alternativo, com uma honestidade que corta como faca. A sua missão mantém-se: transformar o quotidiano em histórias que façam as pessoas pensar e acordar para a realidade à sua volta.