“O Agente Secreto”, com Wagner Moura e Isabél Zuaa, amplia exibição em Portugal após sessões esgotadas na estreia

O Agente Secreto, filme brasileiro protagonizado por Wagner Moura e com a participação da atriz Isabél Zuaa, afirmou-se como um dos fenómenos cinematográficos do ano em Portugal. A longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, representante oficial do Brasil na corrida ao Oscar de Melhor Filme Internacional, estreou há uma semana, em simultâneo, no Brasil e em território português, alcançando resultados que ultrapassaram as expectativas da distribuição.

Segundo a Nitrato Filmes, responsável pela distribuição nacional, o primeiro fim de semana foi marcado por “resultados muito impactantes”, com várias sessões esgotadas e uma receção “entusiástica do público e da crítica”. O crescimento constante da procura levou à expansão da exibição: foram adicionadas novas sessões em Lisboa, algumas transferidas para salas de maior lotação, e o circuito alargou-se a cidades como Vila Real e Aveiro.

Isabél Zuaa interpreta Tereza Vitória, personagem identificada nas sinopses como parte de um grupo de perseguidos políticos angolanos que vive num condomínio usado como espaço de refúgio e proteção. A atriz integra, assim, o núcleo de figuras que orbitam a rede de apoio coordenada por Elza, num elenco em que se destacam ainda Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Alice Carvalho, Udo Kier e Carlos Francisco. 

A narrativa decorre no Recife, em 1977, nos anos finais da ditadura militar brasileira. O filme acompanha Marcelo, interpretado por Wagner Moura, um professor universitário e especialista em tecnologia que se muda de São Paulo para tentar reaproximar-se do filho. A procura por estabilidade rapidamente se transforma num cenário de vigilância, perseguição e tensões políticas que expõem as múltiplas forças em disputa numa cidade marcada pela repressão.

Desde a estreia mundial no Festival de Cannes, em maio, O Agente Secreto tem acumulado distinções relevantes. Kleber Mendonça Filho recebeu o prémio de Melhor Realizador, enquanto Wagner Moura conquistou o prémio de Melhor Ator. A longa-metragem venceu ainda o Prémio FIPRESCI da crítica internacional e o Prix des Cinémas d’Art et d’Essai (AFCAE), reforçando o impacto internacional de uma obra que aborda memória política, tensões sociais e linguagem cinematográfica autoral.

Em Portugal, a adesão mantém a trajetória observada no Brasil: sessões esgotadas, salas reforçadas e progressão de público. Para a Nitrato Filmes, a resposta confirma que “o cinema de Kleber Mendonça Filho, tão ancorado na memória do seu país, toca em temas universais como liberdade, identidade e política”, o que ajuda a explicar o entusiasmo gerado na primeira semana de exibição.