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Num país onde o medo tenta ser imposto como lei, resta ao jornalista segurar firme a única arma que tem: a palavra, porém, quando essa for abafada com a intenção de calar, usar e intimidar os jornalistas, a revolta pode ser mais um caminho para travar a tentativa de calar ou dominar a comunicação social. E na Guiné-Bissau, isto é muito visto já que a imprensa tende a ser monopolizada à mercê dos que têm medo de serem expostos e das suas façanhas.
Quando a comunicação social é ameaçada, não é apenas um jornalista que é calado. É um povo inteiro que perde a sua voz. O que aconteceu na Guiné-Bissau com a expulsão da Lusa, RTP e RDP, não é apenas um ato administrativo ou político, é uma afronta direta ao direito mais básico que temos: o direito de saber, o direito de informar e ser informado. E dói, dói porque sei que os que mandam sabem muito bem o peso que a palavra carrega. Eles sabem que a nossa arma não é a bala, não é a força bruta, mas sim a verdade dita, escrita, mostrada ao mundo. Por isso querem calar-nos.
E eu lamento, lamento profundamente, porque, mais uma vez, a Guiné-Bissau dá ao mundo a imagem de um país que teme a transparência, que se fecha sobre si mesmo, como se a escuridão pudesse esconder para sempre as falhas, as corrupções, as injustiças. Não pode. E eu digo isto sem medo, mesmo sabendo que querem plantar esse medo em nós. É a única arma que esses governantes têm: o medo. Não têm argumentos, não têm explicações, não têm coragem para enfrentar perguntas legítimas. Têm apenas a intimidação, a ameaça, a expulsão.
Mas um jornalista não se cala. Eu não me calo. Porque se me calo, se nós nos calamos, a Guiné-Bissau morre em silêncio. A nossa democracia, já tão frágil, desmorona-se como casa de papel. E quando isso acontecer, quem vai restar para contar a história? Quem vai escrever o que fizeram, quem vai registrar as dores, as lágrimas, as esperanças do nosso povo?
Escrevo com pressa, escrevo com indignação, escrevo com tristeza. Porque é isso que sinto. E é com essa pressa que digo: não aceitamos que nos roubem a palavra. Não aceitamos que expulsem jornalistas só porque não servem de eco ao poder. O poder passa, os homens passam, mas a verdade fica. E a minha voz, a nossa voz, não será calada.
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