Phoenix RDC, a jornada do "Último Rapper" até ao topo

17 de Outubro de 2025
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Phoenix em fotografias promocionais do álbum "O Último Rapper" | DR

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Esta sexta-feira, 17 de outubro, o hip hop em português recebe "Último Rapper", o mais recente e aguardado álbum de Phoenix RDC. Numa altura em que o seu nome é sinónimo de consistência, autenticidade e sucesso, sentámo-nos à conversa com o rapper de Vialonga para mergulhar no seu percurso, desvendar o conceito por trás do novo projeto e perceber o que significa, afinal, ser o "Último Rapper".


Com uma carreira que começou em 1997, inspirada pelos gigantes do rap dos anos 90, o percurso de Phoenix RDC é uma maratona de resiliência. Se hoje vive da sua música, com êxitos que acumulam dezenas de milhões de streams como "Vencedor", o caminho até aqui foi longo. É essa a primeira mudança que o artista destaca. "O que mudou é que eu estava na luta e hoje, graças a Deus, sou ouvido. Vivo da música, dos meus concertos e essa foi a mudança", conta-nos. No entanto, a sua história de batalha não é esquecida; pelo contrário, serve de farol: "Mas eu falo da minha batalha também para incentivar e para que as pessoas não desistam dos seus sonhos."


O título do novo álbum, "Último Rapper", é em si uma declaração de peso, que o próprio artista faz questão de contextualizar e, garante, não se trata de arrogância, mas de uma constatação geracional. "Eu digo 'último rapper' porque acompanhei Black Company, General D, Valete, Kid MC e muitos outros rappers. Rappers mesmo", sublinha. "E embora eu já cantasse na mesma altura e não tinha tanta visibilidade como eles, depois de eu ter aparecido, não apareceu mais nenhum rapper. Fui o último que apareceu”, explica ao referir-se ao hip hop raiz, onde a composição ainda era parte essencial do processo criativo e a autenticidade pesava mais do que a estética.


Nesta nova produção, Phoenix assume o papel de curador, um "DJ Khaled", como o próprio indica, unindo diferentes gerações e estilos do rap em português. O projeto é uma celebração da cultura, onde a velha e a nova escola se encontram e a lista de colaborações é um testemunho do seu estatuto e respeito na indústria, juntando nomes como Wet Bed Gang, Nenny, Regula, Valete, Carlão, Chullage, Sam The Kid, Sir Scratch, Stereossauro, Missy Bity e Tekilla. "Neste projeto, fui o DJ Khaled em que juntei todos os ‘monstros’. E também consegui meter alguns rappers new school para não perder a pimenta da minha zona, claro."


Musicalmente, o álbum reflete a sua evolução, abraçando sonoridades como o drill e o trap, mas sem nunca perder a identidade. É, como descreve, "mais do mesmo, mas com uma ou outra mestria". As colaborações, segundo o próprio, foram um processo natural, fruto de relações construídas ao longo dos anos. "São artistas que sempre lidei antes de fazer o feat. E olha, tive essa sorte e também porque ninguém gosta de trabalhar ou de fazer algo que não seja bom. É uma valorização, um projeto, um produto."


"Blessed", tema em que se junta aos Wet Bed Gang e Nenny, é particularmente simbólico, sobretudo se tivermos em conta a relação que os artistas têm com Vialonga, agora conhecida também como Vblock. “Falamos da nossa luta e hoje conseguimos, graças a Deus. E também é a faixa em que viemos todos do mesmo sítio... estamos só a comemorar a nossa vitória nessa faixa."

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Universal // Soraia Ramos feat Zara Williams

“O meu propósito no mundo é fazer aquilo que mais amo, que é fazer rap”

Phoenix RDC

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Phoenix em fotografias promocionais do álbum "O Último Rapper" | DR

Apesar de ter saído de Angola com apenas cinco anos, a ligação às suas origens permanece forte, e o reconhecimento do público angolano é algo que o enche de orgulho. "Não estava à espera de ser tão consumido pelo people em Angola. Foi um grande elogio porque, estou fora mas fui criado pelas minhas guerreiras angolanas minha mãe, minha avó, minhas tias", partilha com gratidão.


No final da nossa conversa, a questão sobre o que ainda tem a provar surge inevitavelmente. A resposta revela a essência do artista e do homem, cujo motor nunca foi a validação externa, mas sim uma paixão intrínseca pela sua arte.


"Mesmo que eu não tivesse conquistado nada, o meu objetivo não era provar alguma coisa. Acredito que todos temos um propósito para estar aqui no mundo. E o meu propósito, o meu contributo aqui no mundo, é fazer aquilo que mais amo, que é fazer rap. Mesmo que não receba nada em troca. Porque tudo o que hoje recebi em troca foi consequência de tudo o que sempre fiz com paixão."


Foi esta autenticidade que consolidou Phoenix RDC como um dos narradores mais importantes do hip hop lusófono da atualidade. E, mesmo não tendo mais nada a provar, este "Último Rapper" é a prova de que é possível transformar a luta em aplausos e as cinzas num legado.

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