Slam Mulheres do Sul dá voz à poesia marginal

O município do Lubango, na província da Huíla, foi palco, a 24 de agosto, do 1.º Concurso Regional Sul de Poesia Marginal para Mulheres - Slam Mulheres do Sul, um evento que demonstrou como os coletivos culturais são motores fundamentais na dinamização artística em Angola.

Organizado pela Mosaiko – Instituto para a Cidadania e pela empresa de gestão de eventos culturais Kakueya, o concurso reuniu adolescentes e jovens mulheres poetas dos 15 aos 45 anos, provenientes de várias províncias do Sul e Centro-Sul (Huíla, Namibe, Cuando Cubango, Cunene, Huambo, Bié e Benguela). A temática central foi “A Liberdade de Escolha”, explorada em palco através de textos originais, performance e interação direta com o público.

Foram 326 candidatas inscritas, das quais 14 chegaram à final realizada no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) da Huíla. “Esta iniciativa uniu mulheres poetas em prol da defesa dos direitos de outras, tanto nas comunidades onde vivem como no país em geral”, afirmou Onézimo Baptista, fundador da Kakueya.

Além da competição, o evento incluiu uma oficina sobre direitos humanos direcionada às concorrentes, formadoras e equipa organizadora, reforçando o caráter formativo do encontro. O júri, composto por cinco especialistas da área, avaliou a originalidade, contextualização, coerência textual, adequação à temática e a presença em palco de cada performance.

O Slam Mulheres do Sul contou ainda com o apoio do Conselho Provincial da Juventude da Huíla, da organização alemã Misereor e do Goethe-Institut Angola, demonstrando como parcerias entre diferentes instituições conseguem gerar impacto cultural e social.

Nascido nos Estados Unidos na década de 1980, o slam consolidou-se como uma forma de poesia falada que privilegia a performance e a crítica social. Ao chegar ao Sul de Angola, este formato ganhou contornos locais, assumindo-se como espaço de resistência e de empoderamento feminino.