Identidade, memória e coletivo: Throes and The Shine falam sobre “Na via”, o novo EP do grupo

16 de Maio de 2025
throes and the shines na via
📸 Throes and The Shine | Fotos divulgação | Ricardo Almeida

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O novo EP dos Throes + The Shine chama-se Na Via e, mais do que uma coleção de faixas, é uma travessia emocional, cultural e geográfica. Com quatro temas, o trabalho mergulha nas memórias e vivências que moldaram a identidade do grupo, nascido da fusão entre Angola e Portugal. Cada música é um reflexo de descobertas e encontros que falam da diáspora e da complexidade de existir entre lugares.


“Reflete o nosso percurso enquanto banda multicultural, nascida do cruzamento entre Angola e Portugal, mas com o ouvido sempre atento ao mundo. Cada tema é um pedaço dessa estrada”, explicam os membros da banda à BANTUMEN.


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O ponto de partida é a Ilha do Sal, em Cabo Verde. O tema “Sal”, que conta com a colaboração de Cachupa Psicadélica, nasceu de uma viagem do Igor, um dos elementos do grupo, que trouxe na bagagem referências emocionais e sensoriais. ““Sal” é, talvez, o tema mais contemplativo do EP, uma paragem para respirar fundo e olhar para dentro”. A canção é uma homenagem à vida simples, mas cheia, da ilha: aos pescadores, aos artistas e às rotinas. A conexão à cultura cabo-verdiana foi reforçada após a presença do grupo no Atlantic Music Expo e a parceria com Cachupa Psicadélica surgiu como uma extensão natural dessa vivência.


A viagem sonora continua em Moçambique com “Chapa”, tema inspirado nos transportes coletivos moçambicanos. “Mais do que uma simples boleia, os chapas são espaços de partilha, caos, calor e, sobretudo, vida”, explicam. A música procura traduzir em som a estética própria destes espaços sobrelotados, onde o improviso e a resistência se cruzam todos os dias.


Em “Kikongo”, os Throes + The Shine mergulham numa dimensão histórica e espiritual. O kikongo é um dos dialetos mais antigos de Angola, falado por várias etnias e transportado à força durante séculos pelo Atlântico, através do tráfico de pessoas escravizadas. A canção aborda o que se perdeu e o que resistiu. É um tema que fala de identidade, dor e herança. A opção por um instrumental minimalista surge na tentativa de dar destaque às palavras, permitindo que o peso da memória colectiva sobressaia. “É sobre o que se perdeu e o que resistiu”, dizem.


O EP encerra com “Baza Lá”, tema íntimo e autobiográfico, contado na primeira pessoa por Mob. É o relato da partida de Angola para Portugal, uma canção sobre imigração, mas sobretudo sobre coragem. “Fala por todos aqueles que deixaram a sua terra em busca de um recomeço, com tudo o que isso implica”, afirmam. A batida acelerada reflete a velocidade com que todas essas emoções se encaixam no processo.


Os Throes + The Shine, são um trio luso-angolano formado por Mob Dedaldino, Igor Domingues e Marco Castro. O EP “Na Via”, sucede ao álbum Kalunga, lançado em maio de 2024. Conhecidos por uma sonoridade que reúne características de cada um dos seus elementos, o trio tem conquistado audiência na Europa e América Latina. Ao longo da sua carreira, já atuaram em alguns dos maiores festivais europeus e construíram uma discografia diversificada, com seis álbuns de originais e vários singles colaborativos com artistas internacionais.

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