Universidade Livre de Bissau, em Safim, acolhe o curso “Kusinha na Tempo di Tchub”’ como forma de valorizar a culinária tradicional

17 de Julho de 2025
Universidade Livre de Bissau

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A Universidade Livre de Bissau acolheu recentemente o curso “Kusinha na Tempo di Tchuba”, promovido pela empresa UTÑUM, no setor de Safim. A formação, com duração de dois meses, foca-se na valorização da culinária tradicional e contemporânea da Guiné-Bissau como expressão da identidade cultural.

Para além do ensino prático das receitas, o curso propõe um reencontro com as raízes gastronómicas do país, combinando saberes ancestrais com abordagens inovadoras, e pretende devolver à cozinha o lugar de destaque que sempre ocupou na memória coletiva.

Em entrevista à BANTUMEN, o mentor da iniciativa, Mamadu Alimo Djaló, explicou que o objetivo vai além da formação técnica, tratando-se de um gesto de resistência cultural. “A nossa culinária é parte da nossa cultura. Este curso serve para resgatar os valores que os nossos antepassados deixaram”, afirmou.

O mentor sublinhou ainda que a iniciativa não se quer circunscrita à capital e que a UTÑUM ambiciona levar o curso a diferentes regiões do país, criando uma rede de transmissão de conhecimentos gastronómicos que envolva comunidades locais e promova a autonomia cultural e económica. “Não estamos só em Bissau. Planeamos levar o curso para o interior, para que todos possam ter acesso à sabedoria da nossa cozinha.”

A formação alia teoria e prática, promovendo o domínio técnico sem esquecer o contexto simbólico dos pratos. Ao longo das aulas, os formandos irão trabalhar com ingredientes locais, aprender a confecionar receitas típicas e a reinterpretá-las com um olhar contemporâneo. “Cada aluno vai aprender a cozinhar os pratos que consideramos nossos, e vai saber prepará-los com dignidade e orgulho”, destacou.

Na Guiné-Bissau, a gastronomia tradicional desempenha um papel crucial como instrumento de resistência cultural e inclusão social. De acordo com estudos da FAO sobre a segurança alimentar e desenvolvimento rural na região da África Ocidental, valorizar os saberes culinários locais contribui para fortalecer a identidade cultural, preservar práticas agrícolas sustentáveis e criar oportunidades económicas em comunidades muitas vezes marginalizadas. Este enfoque é particularmente relevante num país marcado pela diversidade étnica e por desafios socioeconómicos, onde a promoção da cozinha tradicional não só reforça a coesão social, como também apoia modelos de desenvolvimento sustentáveis, baseados no aproveitamento dos recursos locais e na valorização do património imaterial.

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