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DJ Elly Chuva em entrevista: “Os homens sentem-se intimidados”

Elly Chuva tem 25 anos, nasceu no Lobito, Benguela (Angola) e é uma das mais proeminentes DJs angolanas. A BANTUMEN entrevistou a profissional das mesas de mistura, para saber um pouco mais do seu percurso e o que tem programado para este ano.

Aos quatro anos, Elly viajou para Luanda com a família, onde reside actualmente. Entrou no mundo musical aos 15 anos, mas profissionalmente é DJ há oito anos e é a disc jockey oficial dos evento anual Angola Music Awards e embaixadora da marca de cerveja Tigra.

Qual é a maior dificuldade em exercer uma função dominada por homens?

A maior dificuldade em Angola são os próprios homens, porque muitas vezes sentem-se intimidados pelo facto de ser mulher e de conseguir agradar melhor o público que certos homens. Mas como so uma pessoa crente, consigo sempre quebrar barreiras e ser a excepção à regra. Isto serve como motivação para continuar.

Achas que há espaço para as mulheres DJ’s em Angola?

Há sim espaço para todos. Seja mulher ou homem. Até porque o nosso povo gosta de diversão, então ninguém está a tirar o pão de ninguém. Porque hoje em dia há DJs para casamentos, para casas nocturna, DJs para acompanhamento de artistas e aqueles que só tocam um estilo. Então há mercado para todos, basta querer. Eu sou a prova disso.

 Já estiveste em alguma situação estranha durante uma actuação, que se deveu ao facto de seres uma mulher DJ?

Já sim, tive vários momentos. É mais frequente em festa familiares e casamentos. Somos sempre subestimadas, mas alguns perdem o orgulho e vêem cumprimentar e outros saem e não dizem nada, mas eu faço o meu trabalho e tento agradar aqueles que me contrataram e os seus convidados. Eu sei que vou sofrer sempre discriminação a exercer uma profissão denominada pelos homens.

Quando um dia chegaste a casa e disseste “quero ser DJ” o que que te responderam? Houve aceitação da família?

As coisas não foram bem assim, chegar em casa e dizer “”mãe quero ser DJ”. Tudo começou na brincadeira e quando me dei conta já estava apaixonada pela arte. No princípio só tocava para os meus amigos, depois notei que no mercado ainda não havia mulheres nesta área [pelo menos com destaque] e então decidi ser a tal. A família não apoiava muito, pensava que era uma brincadeira mas, cada dia que passava, as coisas ficaram mais sérias e a família nunca se opôs, mas também não apoiava. Hoje apoia mas porque sabe que afinal é possível uma mulher ser DJ.

Pretendes entrar na área da produção musical ou preferes continuar a tocar?

Não só pretendo entrar como estou já estou a fazer por isso Fiz um curso de produção musical há três anos pela Master Class, onde fui a única menina da turma. Já entrei no mundo da produção musical porque não me vejo com 50 anos a perder noites como perco hoje, então a ideia é ter um estúdio em casa e produzir música até porque sou apaixonada pela área de produção musical e já estou a investir nela.

Quais são os projectos que tens em mente para este ano?

Este ano, depois de ter lançado a versão afro house da música “Felicidade”, do Sebem, vou lançar mais duas músicas. Uma do CD Tigra Beats e outra do meu CD, porque se tudo correr bem, no próximo ano vou vender um álbum.

Quais são os frutos que tens colhido nas parcerias que tens feito a nível de publicidade?

Os frutos que tenho colhido na parecia com a Tigra é o prestigio que dá à minha imagem. Sempre quis associar a minha imagem a uma marca, não propriamente de bebida alcoólica mas uma marca que se identificasse comigo e o lema da Tigra tem muito a ver comigo. É uma cerveja com garra e eu me considero uma mulher e DJ com garra.

Onde é que mais gostaste de tocar e porquê?

Na verdade não tenho um sítio onde gostei mais de tocar, mas há aqueles que ficam na memória. Por exemplo, estive recentemente em Cabinda [norte de Angola] e foi brutal. Não imaginava que o pessoal fosse vibrar assim comigo. Mas cada noite é uma noite, por isso não tenho nenhum sítio onde tenha gostado de tocar particularmente.

Explica-nos as tuas preferências musicais e se elas são um circuito fechado do qual não pretendes sair, no que se refere ao que costumas tocar.

Eu não tenho grandes preferências. Eu não toco para mim, toco para as pessoas que acho que vão receber bem o meu trabalho e por isso acabo sempre por passar de tudo um pouco.

O que gostas de ouvir?

Eu ouço no meu dia-a-dia hip hop, house, dance… Ouço de tudo um pouco porque gosto de tocar e ouvir boa música.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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