A Baixa de Bissau: entre história, cultura e renovação urbana

August 19, 2025
A baixa de Bissau por Golfário
Fotografia ©BANTUMEN/Eddie Pipocas

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A baixa da capital guineense, Bissau, tornou-se num verdadeiro cartão-postal da cidade. A reabilitação das vias urbanas de Bissau Velho devolveu cor, movimento e vitalidade ao espaço, atraindo moradores, turistas e curiosos que redescobrem a zona. Hoje, é habitual ver pessoas a caminhar pelas ruas revitalizadas, a fotografarem fachadas, praças e pormenores arquitetónicos, ou a gravar vídeos para partilhar nas redes sociais. Artistas musicais também procuram o cenário para filmar videoclipes, explorando a mistura harmoniosa entre tradição e modernidade.

Moradores e visitantes sublinham o impacto cultural e turístico das obras. Numa entrevista à BANTUMEN, uma jovem afirmou: “A Baixa agora é perfeita para conhecer a nossa história. Cada rua tem uma memória, e é ótimo ver turistas interessados na nossa cultura.”

Um comerciante local acrescentou: “O movimento aumentou muito. Além do comércio, sentimos que estamos a mostrar a verdadeira Bissau, com tradição e modernidade juntas.”

A comunidade, contudo, deixa um apelo que se preserve esta nova fase da cidade. Há a expectativa de que Bissau volte a ser uma das urbes mais limpas da costa ocidental africana, como já foi no passado. Para isso, é essencial que as pessoas utilizem corretamente os recipientes de lixo, evitando descartar sacos plásticos e garrafas de água nas ruas. Outro jovem entrevistado pede que os trabalhos de reabilitação se estendam a outras zonas do país, para atrair ainda mais visitantes e fortalecer o turismo nacional.

 Bissau Velho carrega consigo a memória viva de diferentes períodos da história guineense, com raízes que remontam ao período colonial. As suas ruas estreitas, praças e edifícios de fachadas coloridas guardam marcas arquitetónicas de influência portuguesa, misturadas com elementos adaptados ao clima e à cultura local. Muitas construções, feitas com varandas largas, janelas de madeira trabalhada e telhados inclinados, foram erguidas para resistir ao calor intenso e às chuvas tropicais, tornando-se símbolos de um património que une estética e funcionalidade. Preservar esta herança não é apenas valorizar o passado, mas também garantir que as gerações futuras compreendam a importância histórica e cultural deste espaço singular na identidade de Bissau.

Entre as sugestões deixadas pela comunidade, destaca-se o apelo para que os moradores contribuam ativamente na valorização visual da Baixa. Muitos defendem que a pintura das fachadas das casas, com cores vivas e harmoniosas, poderia dar ainda mais beleza à área, reforçando o seu potencial turístico. Há também a preocupação com edifícios em estado avançado de degradação, cuja recuperação é vista como essencial para preservar a harmonia arquitetônica e a segurança do espaço. Para os entrevistados, estas ações complementariam a reabilitação das vias, tornando o Bissau Velho ainda mais atrativo e acolhedor.

Mais do que uma obra física, a renovação da Baixa valoriza o património arquitetónico, dinamiza o comércio e reforça a convivência comunitária. Cafés, lojas e pequenos negócios beneficiam-se do aumento de visitantes, sobretudo à noite e nos finais de semana, enquanto os moradores redescobrem o orgulho de viver num espaço que combina história e inovação.

A Baixa de Bissau é, assim, um exemplo vivo de transformação urbana e cultural, mostrando que é possível preservar a memória e, ao mesmo tempo, abrir portas para o futuro.



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