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Em Aveiro, a comunidade guineense tem vindo a conquistar o seu espaço através da Associação de Estudantes Guineenses, formalizada em outubro de 2023. O núcleo nasceu da vontade de jovens estudantes em criar laços, apoiar-se mutuamente e preservar a cultura guineense num país distante da sua terra natal.
A história da associação, contudo, começou muito antes da sua legalização. Wilai Gercica, 2.ª secretária da direção, conta que, no início, eram apenas um coletivo: “No início éramos apenas um grupo de estudantes que se ajudava nos estudos, na burocracia, a tratar documentos, encontrar alojamento e adaptar-se à vida em Portugal. Só em 2023 é que demos o passo para legalizar a associação.”
Hoje, a missão é integrar, apoiar e unir os guineenses em Aveiro, organizando grupos de estudo, oferecendo suporte a novos estudantes e promovendo laços culturais, funcionando como um verdadeiro ponto de encontro para a comunidade. Apesar de contar com cerca de 60 a 90 inscritos, a participação ativa continua a ser um desafio, pois, nas palavras de Wilai, “a adesão aparece mais em festas ou atividades de convívio, mas quando se trata de eventos formativos ou culturais, é mais difícil.”
Entre as atividades mais marcantes do coletivo estão a receção aos caloiros, momentos de integração e participação nas Noites da CPLP, organizadas pela Universidade de Aveiro. A associação beneficia também da parceria com o Monamon, coletivo cultural guineense com longa tradição na cidade, que oferece espaço físico e apoio logístico. Para os membros da AEGA, a colaboração “funciona como um alicerce, porque sem esse apoio seria ainda mais difícil.”
Estudantes guineenses em Aveiro, membros da organização. Fotografia DR
Financeiramente, os recursos são limitados, sem financiamento direto da universidade, e muitas das iniciativas acabam por realizar-se através de recursos próprios. No entanto, saber que “um novo estudante, quando chega, já não vai sentir as mesmas dificuldade é motivação suficiente para dar continuidade ao trabalho feito até aqui, garantindo acompanhamento “desde os serviços académicos até à integração na vida universitária".
Do ponto de vista pessoal, Wilai Gercica recorda os desafios do seu primeiro ano em Administração Pública, quando era a única estudante guineense e a única negra no curso: “No início ficava no meu canto, a integração não foi fácil. Só mais tarde comecei a criar laços. Percebi que muitos grupos já estavam formados pela praxe, e isso deixava-nos de fora.” Hoje, encara essa experiência como aprendizagem e reforça a importância de preservar a identidade cultural, mesmo num contexto em que o crioulo dá lugar ao português formal académico.
O futuro da associação passa pela valorização da cultura guineense e pela criação de uma comunidade inclusiva que una estudantes e não estudantes, de modo que todos se sintam parte, independentemente de estarem a estudar ou não. Como reforça Wilai, “a nossa missão é unir e preservar a nossa cultura, enquanto nos apoiamos uns aos outros.”
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