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Em Lisboa, os monumentos e os nomes das ruas contam apenas um lado da História, o da magnificência imperialista. A reforçar essa perspetiva, em dezembro de 2021, um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas indicava que a identidade portuguesa continua a ser definida pelo seu passado colonial e o seu envolvimento direto no tráfico de pessoas escravizadas.
À semelhança do que já acontece em outras cidades europeias, para combater o apagamento histórico do imaginário coletivo, homenagear e retraçar a memória de factos e vivências das pessoas africanas escravizadas e livres em Lisboa, a Associação Batoto Yetu precisa agora do apoio da sociedade civil para a instalação de placas toponímicas na capital portuguesa.
Dar a descobrir os lugares de memória da presença africana em Lisboa, em particular, e em Portugal, em geral, é uma das principais missões da Associação Batoto Yetu. Desde 2016 que a organização desenvolve um trabalho de investigação com o objetivo de diversificar a oferta turística no âmbito cultural e étnico.
Alguns exemplos de placas, a serem colocadas no Rossio, Terreiro do Paço, Chafariz d’El Rey e Campo das Cebolas. 6/8 pic.twitter.com/bjBZNI70yO
— João (@moreiradasilvaj) March 26, 2022
Assim, começaram a surgir as primeiras visitas guiadas para “divulgar a história da presença de povos africanos em Lisboa (desde os mouros até à atualidade)”. Para enriquecer o percurso dessas visitas, a Associação Batoto Yetu decidiu instalar 20 placas identificativas desses lugares e um busto do Pai Paulino (uma das mais importantes figuras da História da presença africana em Lisboa), facilitando assim também a criação de um roteiro com evidências físicas sobre estas nuances da História portuguesa que o tempo e vontade política foi relegando para a sombra.
Apesar de contarem com o apoio burocrático da Câmara Municipal de Lisboa e das respetivas juntas de freguesia, a associação vem agora a público pedir apoio financeiro para proceder finalmente à instalação das placas toponímicas.
Questionados pela BANTUMEN, a associação explica que dispõe do apoio da autarquia e das juntas de freguesia para as autorizações necessárias mas a questão financeira e a mão-de-obra têm de ser providenciadas pelo responsável pela iniciativa. “Neste momento, e de acordo com o protocolo, cabe-nos a nós colocar as placas. A Câmara Municipal de Lisboa não pode apoiar duas vezes o mesmo projeto e as juntas de freguesia, que têm a tutela das calçadas, não são obrigadas a apoiar com a colocação, por ser um projeto da Câmara Municipal”.
Sobre uma possível revogação ou novas dificuldades impostas pela mudança na liderança da autarquia nas eleições de setembro de 2021, a associação revela que, agora sob os desígnios de Carlos Moedas, “muito pelo contrário, a autarquia desenvolveu esforços recentes por intermédio do departamento cultural“, para que pudessem ter algum tipo de apoio técnico para algumas das placas que não exijam meios técnicos ou financeiros.
Ao todo, a Associação Bototo Yetu já conseguiu angariar 2200 euros, dos seis mil necessários para proceder à colocação das placas. Os interessados em apoiar a medida, podem contribuir via transferência bancária, através do IBAN PT50 0033 0000 00046237854 35.
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Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
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