Bob da Rage Sense regressa a Luanda com manifesto sonoro, poético e solidário

June 11, 2025
Bob da Rage Sense Luanda divina tragedia
📸 Bob da Rage Sense | DR

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Depois de quase três anos de ausência pública e editorial, Bob da Rage Sense está de volta com um novo capítulo na sua carreira. O rapper, um dos nomes mais respeitados do hip hop lusófono, regressa aos palcos no próximo dia 20 de junho com um espetáculo intimista em Luanda, onde vai apresentar o seu mais recente trabalho, “A Divina Tragédia”.


O novo projeto trata-se de uma obra densa e multifacetada que funde música, literatura, filosofia e crítica social. O concerto terá lugar no espaço Switch e será, segundo o próprio, um momento de entrega total artística e humana.

Para Bob, o tempo fora das redes e dos lançamentos foi uma pausa consciente, um processo de recolhimento. “Foram quase três anos em silêncio, mas foi uma das melhores decisões da minha vida. Esse tempo permitiu-me crescer, amadurecer, redescobrir a minha essência e preparar o regresso com mais clareza e força”, revela.

Durante esse período de introspeção, a escrita tornou-se ainda mais intensa. Foram mais de 20 álbuns produzidos em silêncio, resultado de um mergulho profundo na observação do mundo e na autoanálise.


O título do novo álbum remete diretamente à “Divina Comédia” de Dante Alighieri, mas aqui o tom é outro. “Enquanto Dante descia ao inferno para encontrar sentido, eu olho à volta e vejo nas sociedades de hoje múltiplos palcos onde se encenam tragédias disfarçadas de normalidade”, explica o artista. A escolha do título é uma provocação consciente, uma crítica ao teatro político e humano que marca o quotidiano global.


Cada faixa do álbum é construída como um ato de uma peça maior. A palavra é protagonista, mas a sonoridade trabalhada ao detalhe constrói a atmosfera densa e cinematográfica que acompanha o discurso. Bob bebe de referências clássicas e contemporâneas para dissecar a condição humana, a alienação social, a espiritualidade e o poder.

Para materializar esta visão, Bob contou com a produção do moçambicano FingerZ Nhangumbe e com a engenharia de som de Pedro Serraninho. Uma dupla de confiança e profunda sintonia criativa. “O Fingerz traduz ideias abstratas em paisagens sonoras densas e sofisticadas”, conta. Já Serraninho garante que toda a intensidade do álbum se ouça com o impacto necessário.




A obra conta ainda com participações de artistas como Phedilson, Sidjay e Mars Luise. Para Bob, estas colaborações foram escolhas conscientes e emocionais. “O Phedilson tem uma presença verdadeira e incomparável. O Sidjay representa a ponte entre a dor e a esperança. E a Mars Luise tem uma profundidade artística rara, perfeita para os momentos mais introspectivos”.


A apresentação de “A Divina Tragédia” será feita num formato intimista, característica que Bob valoriza profundamente. “Já fiz inúmeros concertos assim, e são os meus preferidos. Gosto de me entregar ao momento com respeito pelo público. Este espaço oferece a qualidade certa para isso”.


Mas o concerto vai além da música. Parte das receitas será canalizada para o Centro de Acolhimento Mãe Madalena, uma instituição em Luanda que acolhe crianças dos dois aos 19 anos. “Este gesto vai muito além da caridade. É um compromisso com a transformação social. Se a minha voz pode amplificar causas como esta, então ela está a cumprir um dos seus papéis mais nobres”, sublinha o rapper.


Embora não haja datas confirmadas, Bob admite que tem planos para concertos noutros países da lusofonia. E avança já com o próximo projeto: 10 Anos, 10 Mundos. “Será composto por 10 álbuns, cada um produzido por um produtor diferente. Um verdadeiro arquivo temporal da minha jornada, onde cada universo sonoro reflete um estado de espírito”.


Longe da obsessão por números, Bob reafirma que a sua missão artística sempre foi gerar transformação. “Quero que a minha obra resista ao tempo. Que continue a provocar pensamento, a tocar consciências. O meu compromisso é com a verdade, com a palavra, com a elevação do pensamento.” A quem o esperou em silêncio, Bob deixa uma mensagem a explicar a ausência e a confirmar o regresso: “este tempo longe não foi ausência. Foi construção, cura, renascimento. Estou de volta, mas acima de tudo, estou inteiro”.

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