Startups cabo-verdianas apostam na Creator Economy e no digital para transformar o mercado

COMU - Digital Hub: profissionalizar a Creator Economy africana

Aos 26 anos, Maira da Veiga acredita que o futuro do trabalho passa por uma economia criativa mais organizada, inclusiva e sustentável. A sua startup nasceu de dentro da sua própria agência de comunicação e tornou-se uma extensão natural do seu percurso profissional.

“A minha startup nasce de dentro da minha agência de comunicação. É uma plataforma que pretende profissionalizar criadores de conteúdo, basicamente todos os players dentro da economia criativa, através de formações, workshops e iniciativas do género”, explica.

A COMU - Digital Hub quer mudar a perceção de que criar conteúdo é apenas um passatempo. “Notámos que existe pouca profissionalização destes criadores. Muitos não têm noção das etapas que envolvem uma campanha, desde a negociação até à execução. Queremos dar-lhes ferramentas e conhecimento para trabalharem com sucesso e tirarem esse estigma de que isto é só um hobby”, acrescenta.

Na Web Summit, Mayra encontrou o ambiente perfeito para expandir horizontes. “Aqui é o lugar onde todas as mentes pensantes da tecnologia se encontram. É onde posso aprender mais sobre o meu projeto e aperfeiçoá-lo. O networking é pesado, fortíssimo, e há muitas pessoas interessantes com quem conversar.”

Participou no evento através de um programa dinamizado pela Djassi África, em parceria com a Cabo Verde Digital, e vê essa ligação como uma forma de retribuir: “Sendo cabo-verdiana, tenho muito interesse em devolver um pouco do meu trabalho e desenvolver também dentro do meu país. O objetivo é colocar Cabo Verde no diálogo da Creator Economy.”

Mazoneat: o delivery que nasce da necessidade

Enquanto Mayra foca a sua energia na economia criativa, Keiven Almeida aposta no lado mais prático do digital: resolver problemas do dia a dia com tecnologia. A sua empresa, Akapa, Lda., criou o Mazoneat, uma aplicação de delivery pensada para ajudar restaurantes a vender mais e clientes a receberem os seus pedidos sem longas esperas.

“Notei que muitos restaurantes estavam a perder vendas e clientes porque as pessoas ficavam cansadas de esperar. O Mazoneat vem resolver isso — ajuda os restaurantes a vender mais, e as pessoas, no conforto de casa, podem fazer os seus pedidos e receber as entregas”, explica Keiven.

A app funciona com um modelo flexível de entregas. “Trabalhamos com motorizadas, carros e até camiões. Temos alguns veículos próprios, mas também trabalhamos com terceirização - quem tem o seu veículo pode entrar no aplicativo e trabalhar connosco.”

Para o jovem empreendedor, participar na Web Summit é mais do que um passo profissional - é um sonho concretizado. “Via isto apenas na televisão e sempre disse que um dia iria estar aqui. Foi o meu trabalho que me trouxe até este momento. Graças a Deus, é tudo o que imaginava e ainda mais.”

A presença destas startups é o reflexo da estratégia da Cabo Verde Digital, uma iniciativa do Ministério da Economia Digital e da Pró Empresa. Em 2025, o programa levou mais de 100 jovens empreendedores e 25 startups à Web Summit, com o objetivo de dar visibilidade ao talento do arquipélago e criar pontes com investidores e parceiros internacionais.