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Em 2020, com a propagação do coronavirus a motivar o cancelamento em massa de concertos – uma das principais formas de sustentabilidade dos músicos – e colocando assim no modo silencioso a carreira de vários artistas, muitos aproveitaram para fazer do digital a sua principal fonte de rendimento e uma ferramenta para conquistar uma audiência mais alargada.
Djimetta é um dos músicos que viu a sua popularidade despontar neste período, em que lançou a mixtape “Falsos Profetas” – que permitiu-lhe vencer o prémio de Melhor Projeto do Ano no #TheBestBANTUMEN
Passados 12 meses, o rapper confirma-nos agora a sua firmeza no trap, lançando Salavrados, álbum já disponível nas plataformas digitais e que conta com 12 faixas.
A BANTUMEN conversou com o artista moçambicano, que fala sobre a evolução entre os dois projetos e a sua visão sobre o atual estado do Trap em Moçambique.
É uma palavra que surgiu numa brincadeira. Eu e os meus fãs gostamos de inventar e Salavrados quer dizer que estás salvo, protegido, abençoado. É uma palavra com a qual me identifico atualmente porque é o momento em que me sinto uma pessoa extremamente salva, protegida por Deus, sendo que o meu plano está a ser apoiado pelo universo e é mais ou menos isso que quis transmitir neste álbum.
Foi algo bem orgânico, deixei fluir. Nada foi forçado, acordava e deixava acontecer como tinha que ser. A escolha do título é que foi um pouco mais premeditada porque, quando percebi que o álbum estava a sair de forma orgânica, comecei a ver que o universo estava a meu favor. Então, só podia chamar-se Salavrados, porque assim me sinto e gostaria que todos os meus admiradores se sentissem assim.
As participações surgiram de forma muito natural. Ou estava a gravar uma música no estúdio e surgiu o Kiba, Hyuta, Shabba e gravámos um som, ou numa conversa com Hernâni, Harold onde mandei um beat gramaram da vibe e colaborámos. Quanto aos produtores, escolhi os da nova escola porque acredito no potencial deles e gostaria que o mercado começasse a ver o potencial que eles têm.
Acredito que sim. 2020 foi um ano em que muita gente tinha planos e, de repente, a situação da pandemia e o lockdown acho que desprogramou muita gente. Para mim foi um ano em que o meu nome começou a fazer-se sentir como deve ser, apesar de que já vinha construindo uma carreira e tinha um certo fanbase. 2020 foi o ano que alcancei mais gente, todas as províncias e cidades de Moçambique a ouvirem-me e a virar febre. Olhando para essa situação, só posso imaginar que estaria a fazer tanto dinheiro com shows, tours se o mercado da música estivesse no ativo como antes.
Destaco porque começámos este percurso à busca deste sonho juntos. Viajámos para o estrangeiro, passamos muitas dificuldades e sempre nos apoiámos. Nesta altura, somos três dos artistas mais ouvidos de Moçambique no Top 10, então acho que é uma vitoria para os três e queria que fizesse sentido a história por isso que coloquei eles no vídeo . Eles não participam no álbum porque trabalhámos juntos diariamente. Temos uma record label independente, que é a MESS Records, automaticamente um acaba sempre estando envolvido no trabalho do outro que já não precisamos estar a fazer música juntos. É muito para além da música, é uma amizade tipo real family.
Não gosto muito de tocar no assunto religião para não ferir sensibilidades. Geralmente, pessoas ligadas à religião são um pouco fechadas, têm dificuldade em aceitar opiniões que não vão muito de acordo com aquilo que são as suas crenças, então é mais ou menos isso, eu acredito muito em Deus, mas não acredito muito na religião. Eu sigo o coração, tento seguir a voz divina a todo o momento, pratico vários rituais espirituais, não cenas de macumba , práticas que me coloquem cada vez mais em conexão com o divino, equilibrado e com estado de espírito pleno.
A diferença entre os dois projetos, pelo menos para mim, é que sinto muita maturidade e naturalidade no Salavrados, em relação ao Falsos Profetas. E também estou num estado de consciência mais pleno e num estado de saúde muito melhor. Não sei para o público, estou ainda a ver as reações, mas, geralmente concordam que estou um pouco mais maduro.
O Trap em Moçambique, o rap no geral, é um estilo que já foi muito marginalizado e nos últimos tempos graças a Deus tem recebido mais espaço e aceitação no mercado, não só por minha causa, mas, por muita gente que está a contribuir positivamente para que seja mais consumido de maneira diferente. Primeiro, porque tínhamos a dificuldade com os da velha escola do Rap, que olhavam como sendo um estilo descartável, e segundo pela sociedade que já tinha na mente que é um hip-hop “ignorante”. Então a minha ideologia é tentar mudar um pouco essa narrativa e fazer aquilo que se faz e já se fazia no Hip-Hop inicialmente, que era um pouco de consciência como faz o J. Cole, Kendrick e etc.
Trap é o meu estilo favorito, rendo muito com o estilo de beats e é exatamente por isso que quero trazer essa vibe ao pessoal. Se for para trazer um pouco de consciência ou ignorância será nesse estilo.
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