“O Riso e a Faca, com Cleo Diára, é um dos destaques do Doclisboa 2025

September 9, 2025
doclisboa 25 Cleo Diára filme
Cleo Diára fotografada por ©Felipe Ferreira

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A 23ª edição do Doclisboa regressa de 16 a 26 de outubro e anuncia uma programação que reflete a pluralidade de vozes e geografias que definem o festival. Entre os destaques, sobressai a exibição de O Riso e a Faca, de Pedro Pinho, filme premiado em Cannes e que valeu à atriz Cleo Diára o Prémio de Melhor Atriz na secção Un Certain Regard, distinção histórica para uma atriz portuguesa.

O filme desenrola-se entre Portugal, França, Brasil e Roménia, explorando relações pós-coloniais e tensões sociais contemporâneas. A versão integral do filme, com cerca de cinco horas, aprofunda a narrativa apresentada em Cannes, permitindo observar o desenvolvimento das personagens e o efeito das escolhas de Pedro Pinho na construção de uma linguagem cinematográfica própria, marcada pelo rigor visual e pela intensidade dramática. A atuação de Cleo Diára é central para o impacto do filme, conferindo à protagonista uma presença capaz de potenciar a reflexão sobre identidades, deslocamentos e heranças culturais.

Na mesma secção Na Terra à Lua inscrevem-se ainda Remake, de Ross McElwee, que regressa ao cinema após 14 anos de silêncio, num tributo à memória do filho, e Bulakna, de Leonor Noivo, evocação das desigualdades pós-coloniais e da migração forçada de trabalhadoras filipinas.

O festival abre com o realizador palestiniano Kamal Aljafari e With Hasan in Gaza, uma homenagem urgente à resistência e memória da vida em Gaza, e encerra com Eugène Green e A Árvore do Conhecimento, uma fábula sobre Lisboa e as suas contradições.

Filmado a partir de material de 2001, With Hasan in Gaza é um road movie em que Aljafari e Hasan Elboubou atravessam o território à procura de Abdel Rahim, companheiro de prisão do cineasta nos anos 1980. Entre imagens do quotidiano e a sombra permanente da ocupação, o filme transporta-nos para uma Gaza de coexistências improváveis, onde a vida insiste em florescer apesar da violência. O gesto de Aljafari é também um contraponto à brutalidade do presente: resgatar imagens e histórias de uma Gaza que resiste ao apagamento. “É um filme sobre a catástrofe e a poesia que resiste”, resume o realizador de A Fidai Film (2024), um dos nomes mais marcantes do cinema contemporâneo da Palestina. O gesto do cineasta é o de preservar imagens que resistem ao genocídio atual, criando uma contra-história feita de rostos, ruas e gestos que recusam ser silenciados, num apelo à vitalidade da vida palestiniana em meio à destruição.

A fechar o festival, Eugène Green regressa a Lisboa com A Árvore do Conhecimento, produção luso-francesa que combina fábula e crítica social. A narrativa segue um adolescente, um ogre e um pacto obscuro, num olhar satírico sobre a transformação da cidade pelo turismo. Green, que já tinha explorado Portugal em filmes como A Religiosa Portuguesa (2009) e Lisboa Revisitada (2019), volta a interrogar a capital através da ficção.

No Heart Beat, Solveig Nordlund apresenta Memórias do Teatro da Cornucópia, um mergulho na história da companhia fundada por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, enquanto Eva Stefani traz Bull’s Heart, sobre o processo criativo do coreógrafo Dimitris Papaioannou e a sua digressão internacional.

A conferência de imprensa para a apresentação completa da programação terá lugar a 25 de setembro, na Culturgest. 

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