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A poetisa e ativista moçambicana Énia Lipanga está no Brasil para uma série de participações culturais e académicas que cruzam literatura, educação e ativismo social. O ponto de partida foi a presença no 6.º Fórum Internacional Senac de Educadores, que decorre sob o lema “Gestão da permanência na escola: construindo significados para o desenvolvimento das potencialidades dos alunos”.
O encontro, que procura ampliar as discussões sobre a permanência de estudantes nas escolas, destaca a importância da construção de vínculos com a comunidade e da valorização da identidade e das vivências no processo de aprendizagem. Énia Lipanga foi uma das oradoras na abertura da conferência, que conta ainda com nomes como Djamila Ribeiro, filósofa e escritora; Renato Meirelles, especialista em comportamento social; Ana Ivenicki, professora emérita da UFRJ; Terezinha Rios, filósofa da educação; e Rosani Kamury Kaingang, educadora indígena e antropóloga.
Segundo a escritora moçambicana, o convite representa “o reconhecimento da sua escrita comprometida com os direitos humanos, a igualdade de género e a inclusão social”. A iniciativa tem o apoio do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e da SeCArtE (Secretaria de Cultura, Arte e Esporte) da Universidade Federal de Santa Catarina.
Em paralelo ao fórum, Énia Lipanga lança em Florianópolis o seu novo livro, Nada será devolvido em silêncio, publicado pela editora Cruz e Sousa e com nota de abertura da escritora Paulina Chiziane, a primeira mulher africana a receber o Prémio Camões.
A obra é apresentada como um ato de reparação e insubmissão. “Este longo poema é uma reconciliação com histórias que em mim insistem em não se calar... Ele recolhe as memórias das minhas antepassadas, que seguem vivas na pele, no sangue e na voz das mulheres de hoje, marcadas por dores profundas e resistências silenciosas”, afirma a autora.
Na cidade de São Paulo, a autora apresenta, em parceria com Otis Sulemane, a performance Se me quiseres conhecer - Moçambique em prosa e verso. O espetáculo inspira-se no poema homónimo de Noémia de Sousa, considerado um marco da poesia moçambicana de combate. Entre versos e prosas, a performance liga passado e presente de Moçambique, explorando histórias de dor, resistência e dignidade.
O projeto incorpora ainda textos de Ungulani Ba Ka Khossa e Paulina Chiziane, propondo uma leitura performática que aproxima Brasil e Moçambique através da literatura e das experiências sociais e culturais partilhadas.
A digressão termina em outubro, no Rio de Janeiro, com uma residência literária ao lado da escritora Conceição Evaristo. O reencontro, segundo ambas, dá continuidade a uma ligação nascida no ano anterior e pretende resultar num artigo escrito a quatro mãos, mas também num espaço de partilha, criação e escuta.
“Pretendemos mergulhar nas nossas memórias, nas nossas escrevivências e naquilo que nos une como mulheres, negras, escritoras e ativistas”, explicam. Mais do que um trabalho conjunto, o momento é descrito como um gesto de continuidade, reconhecimento e herança literária entre gerações.
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