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Isabél Zuaa é atriz e performer portuguesa, está no auge da carreira e, recentemente, foi distinguida como Melhor Atriz no 48.º Festival de Gramado, no Brasil, com o filme Um Animal Amarelo, de Felipe Bragança.
Um prémio que consolida uma trajetória marcada por muito esforço, dedicação e que reafirma a certeza de que trabalhar com afinco e com paixão, compensa sempre.
Estivemos à conversa com a atriz, que nos deu a conhecer um pouco mais de si e do percurso que a levou até ao mais recente prémio.
Bom, na verdade, não é uma missão mas sim uma vontade de ver a diversidade que vejo socialmente refletida nas artes. Muitas vezes, dependendo de quem escreve, dirige, produz e etc, alguns corpos em ficção são representados repletos de preconceitos, com falta de subjetividade e contradições.
Essa questão do resgate da autoestima foi uma conclusão após um trabalho feito há alguns anos, onde a identidades e os sonhos eram o mote principal. A arte reverberando no social e vice-versa.
De alguma forma, as questões sociais sempre estiveram aqui em mim, questionadora desde criança!
Como artista, mulher e negra, é impossível não olhar de forma mais minuciosa para certas convenções, paradigmas e estruturas.
A Nina Simone (uma das inspirações mais incríveis de sempre) diz uma frase que repito com frequência, que fala sobre o dever do artista em refletir os seus tempos. Eu vejo como dever e como privilégio em alguns momentos.
Fascina-me poder experienciar várias vivências, sentimentos, encontros, desafios diários a níveis tão profundos, tanto humanamente como artisticamente.
A calma da mestra Gina Tocchetto, o carinho pela palavra e pelo silêncio.
Sem dúvida, viajar sempre me transforma de forma rápida e profunda. Ter a oportunidade de viver num país diferente, estudar e trabalhar, naturalmente teve e tem um impacto em mim.
De facto, às vezes, sim mas a maior parte dos momentos sinto-me abençoada de ter esse privilégio. Mas a base tem de estar firme em um dos lados. Nos últimos tempos a base está em Portugal.
A minha ida para o Brasil foi em 2010, quando fiz um intercâmbio entre o Conservatório e a Unirio em Artes Cénicas. O que significou que terminei a formação em território brasileiro, onde optei por ficar a viver a maior parte dos últimos anos e, consequentemente, participar num número significativo de projetos. Tive oportunidade de colaborar com artistas nas mais diferentes áreas como Cinema, Teatro, Performance e Dança.
Aqui em Portugal, desde 2016, estou num regresso a casa e, apesar das adversidades do setor, tenho tido um fluxo muito bom de projetos a nível artístico.
Foi uma surpresa enorme. Sinto-me imensamente honrada pela distinção, Melhor atriz no Festival de Gramado, dos festivais mais antigos e conceituados do Brasil, dos maiores prémios da América Latina. UAU!! Sem dúvida um momento ímpar na minha trajetória. Os nomes das atrizes contempladas todos os anos… é realmente incrível. Sinto-me muito grata!
Primeiro, foi um trabalho diferente porque não tive acesso ao guião, só conhecia as minhas cenas. E o teor das cenas, as temáticas em que estão inseridas, abordam relações desequilibradas, de um passado histórico e de um presente que estamos a questionar. Assuntos delicados e de grande importância social e artística.
Percebi que a minha personagem era inflexível dentro da inflexibilidade estrutural que a circundava, sempre buscando estratégias de sobrevivência e de mudança no seu meio. Esse posicionamento e forma de ser, de alguma maneira, fazem parte das minhas pesquisas e projetos pessoais.
Sim, o enriquecimento dos objetos artísticos sem dúvida é feito pela presença da diversidade e multiplicidade. Brasil, Moçambique e Portugal no caso de ‘Um animal Amarelo’, numa perspetiva brasileira, onde o corpo do protagonista se cruza com pessoas e territórios diferentes que mudam a sua experiência.
Ah eu quero fazer muitas coisas, quero continuar a escrever, a dirigir, cantar e interpretar. Acho que ainda estou na ponta do iceberg. Ainda há muito para ver, sentir e fazer. Quero me surpreender com a vida, ela tem sido tão generosa comigo, sinto-me imensamente grata.
Sem dúvida, ouvir a minha voz. Já narrei, mas foi a primeira vez que tive o desafio de narrar uma longa-metragem inteira. De alguma forma, essa possibilidade traz à personagem uma camada nova, mais doce e irónica, que funciona como uma espécie de contraponto às suas duras ações físicas.
Acho que de alguma forma a pandemia deixou as pessoas mais atentas, talvez mais sensíveis, não só para as suas questões mas para as questões dos outros à sua volta. Em relação às manifestações sociais, o meu dia a dia não mudou, o racismo continua lá, mas tive a realização de um sonho com a manifestação do dia 6 de Junho. Foi arrepiante começar a descer a Almirante Reis e sentir que a nossa luta não é só “nossa”, é de todos.
Shakespeare diz: “Ser ou não ser, eis a questão“. Acho que o nosso maior desafio artístico e humano está no Ser e Estar, sem constrangimentos. Vamos experimentar?
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