“Por que mencionaram tanto o ‘Complô’ e as questões raciais?” Há novos dados sobre a detenção de Ghoya

November 24, 2025
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©BANTUMEN

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O rapper Bruno Furtado, conhecido artisticamente como Ghoya, foi detido na passada quinta-feira, dia 20 de novembro, no interior de uma sala de cinema do centro comercial Alegro, em Setúbal, momentos antes do início da estreia do documentário Complô, obra que acompanha a sua trajetória pessoal e artística. A intervenção foi conduzida por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), no âmbito de um mandado para execução de 160 dias de prisão subsidiária, decorrente da não liquidação de uma multa de 1.440 euros por condução sem carta.

A ação policial ocorreu na sala 4 do Cinema City, onde decorria a apresentação do filme realizado por João Miller Guerra. De acordo com a PSP, a interceção foi realizada naquele momento por se tratar de uma aparição pública do visado, justificando os meios mobilizados. O artista foi posteriormente conduzido ao Estabelecimento Prisional de Setúbal, de onde saiu cerca de 12 horas depois, após o pagamento da quantia em falta.

Fonte próxima do músico relata que os agentes entraram na sala momentos antes do início do filme e chamaram pelo nome do artista, levando elementos da produção a tentar compreender o motivo da intervenção. O rapper foi algemado no interior do espaço, apesar de não ter oferecido resistência, e as portas foram, entretanto, encerradas, impedindo a circulação de espectadores e de membros da equipa técnica.

A mesma fonte refere que “os membros da produção tinham o documento emitido pelo tribunal, informaram a polícia, mas o papel não foi analisado e chegou a ser amachucado e colocado no chão por um agente”. O que terá alegadamente sido ignorado pelos agentes das forças de segurança é que Ghoya viu ser emitido recentemente um documento - ao qual a BANTUMEN teve acesso - que declara a cessação da contumácia [não comparência perante  tribunal e sem justificação] e a “devolução de eventuais mandados de detenção para prestação de TIR pendentes”.

O comunicado acrescenta que a equipa de produção foi informada de que o músico seria levado para uma esquadra de Setúbal e que estaria indisponível para contactos. No entanto, o trajeto acabou por terminar no estabelecimento prisional, onde permaneceu até ao dia seguinte porque, no momento da detenção, os serviços judiciais e administrativos já se encontravam encerrados, o que impossibilitaria a emissão de um título legítimo para a sua libertação ainda nesse dia.

A versão apresentada contesta também a indicação de que o músico se encontraria em fuga, lembrando que participou em diversas iniciativas públicas ao longo do ano sem qualquer intervenção semelhante. “Quantas aparições este ano? Porquê agora, nestas aparições públicas? Como é possível deterem alguém com um mandato cessado, sem cumprirem sequer a obrigação de reconhecê-lo? E por fim, por que perguntaram ou mencionaram tanto o Complô e as questões raciais?”, pode ler-se no comunicado à redação da BANTUMEN.

A produtora Uma Pedra no Sapato, responsável pelo documentário, afirmou anteriormente que o dispositivo policial utilizado foi desproporcional e que não foi dada ao artista a possibilidade de pagar a multa no local. A PSP, por seu lado, reafirma que cumpriu o mandado judicial em vigor e que atuou nos termos legalmente previstos.

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