“GMD 2” mostra um Minguito mais consciente, sem fugir à dureza da rua

June 30, 2025

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O rapper Minguito está de volta com "GMD 2", single lançado a 25 de junho, que dá continuidade à crueza urbana que apresentou há seis anos com "GMD". Filho de pais angolanos e natural do Barreiro, Miguel Jael Vumbi Huviva, de 25 anos, volta a rimar sobre a tensão de crescer entre a rua e o palco, entre a pressão da sobrevivência e o desejo de mudar de rota.

Com produção de OGL, o tema encaixa-se num drill escuro e minimalista, onde as rimas atmosféricas abordam o isolamento, a pressão emocional e a resistência em tempos de silêncio e afastamento dos palcos. "Life is mad / But this is the life I live", repete-se no refrão, como se fosse mantra. A letra retrata uma juventude periférica sem filtros nem metáforas, com versos que tocam directamente na ansiedade, no consumo de substâncias para aliviar o stress e nas batalhas internas que raramente se verbalizam.

"Talvez esse é o meu problema / Panda stress dentu nha cabeça / Não relaxo nem com um bom noddy", ouve-se na faixa. Mas não se fica por aí. A desilusão com a indústria musical e a desconfiança nas relações sociais também entram no retrato: "Se tou bad eles não ajudam / Se tou good eles querem um bocado".

Em conversa com a BANTUMEN, Minguito explica que este som nasce da vontade de verbalizar o que muitos jovens não conseguem dizer. "Para nós homens é difícil dizer que estamos a ter batalhas internas que ninguém percebe, portanto tentei dar voz a essas pessoas".

A cumplicidade com OGL, responsável pelo instrumental, ajudou a consolidar a força do tema. "Ele conhece-me pessoalmente e sabe a agressividade que gosto de passar com as minhas letras". E o resultado é um beat que traduz bem o universo emocional do artista.

Apesar da repetição estrutural do tema - a banca, os riscos, o hood -, há um avanço no discurso. "GMD 2" aponta para um percurso mais consciente, longe da basofaria e mais perto de uma escrita honesta, resiliente, de quem está atento ao que vive e ao que o rodeia.

Sobre o futuro, Minguito prefere não dar datas. Está a trabalhar em novas músicas com mais densidade lírica e emocional. E garante que, apesar do tempo fora dos palcos, a ligação com o público continua: "Tenho saudades de interagir com o público, mas para uma boa conexão às vezes é necessário uma pausa para preparar algo melhor para eles".

"GMD 2" é mais do que uma sequela musical. É um desabafo cru sobre crescer entre a margem e a pressão. É resistência em forma de som. E é um lembrete de que, mesmo quando a vida é mad, há quem não largue o corre nem a lucidez.

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