Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja
Pesquisa
Partilhar
X
A capital guineense prepara-se para ser palco de um dos encontros diplomáticos mais relevantes da lusofonia contemporânea. Nos dias 17 e 18 de julho de 2025, a XV Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reunirá em Bissau os Chefes de Estado e de Governo dos nove países-membros, numa ocasião que marca o início da presidência da Guiné-Bissau na organização, para o biénio 2025-2027.
Sob o lema “A CPLP e a Soberania Alimentar: Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável”, o país anfitrião propõe colocar a segurança alimentar no centro das políticas comuns da comunidade lusófona, propondo ações concretas para fortalecer a agricultura, combater a fome e valorizar os saberes tradicionais no uso e gestão dos recursos naturais.
A presidência guineense sucede à de São Tomé e Príncipe e reforça o papel crescente da África lusófona na agenda da CPLP. Para além do encontro principal entre chefes de Estado, a agenda da cimeira inclui, entre os dias 14 e 16 de julho, reuniões técnicas, encontros ministeriais, debates temáticos e sessões do Comité Permanente de Coordenação, que servem de alicerce às decisões políticas da organização.
Não é a primeira vez que Bissau acolhe uma cimeira da CPLP, mas o contexto atual confere um peso simbólico particular. Ao assumir a presidência rotativa, a Guiné-Bissau coloca-se no centro das decisões multilaterais da comunidade lusófona e retoma um papel de liderança nas discussões sobre desenvolvimento sustentável, agricultura ecológica, comércio justo e direitos das comunidades rurais.
Localizada na costa ocidental da África, entre o Senegal e a Guiné-Conacri, a Guiné-Bissau é um país de forte diversidade étnica, linguística e ecológica. Com uma população predominantemente jovem, a nação tem na língua portuguesa um dos principais elos de identidade nacional e cooperação internacional.
É nesse espírito de pertencimento e de projeção internacional que o país recebe novamente os líderes da CPLP, dando continuidade a um percurso de diálogo e partilha que remonta à fundação da organização, em 1996.
Composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, a CPLP é hoje um espaço político com mais de 250 milhões de falantes de português, distribuídos por quatro continentes. A língua partilhada, as histórias cruzadas e os desafios comuns fazem da CPLP um espaço estratégico onde se discutem políticas de migração, segurança alimentar, mobilidade académica, clima, direitos humanos e economia circular. A cimeira em Bissau reafirma esse compromisso e traz para o centro do palco questões que afetam milhões de cidadãos nos países lusófonos, sobretudo nas zonas rurais e insulares, onde a escassez alimentar, o desemprego e as mudanças climáticas se entrelaçam de forma complexa.
Na sua declaração mais recente, o presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, manifestou “grande honra” em acolher todos os chefes de Estado da CPLP em Bissau, confirmando já as presenças de Carlos Vila Nova (São Tomé e Príncipe) e de José Ramos-Horta (Timor-Leste). A previsão é de que todos os líderes compareçam, reforçando a legitimidade da cúpula e a confiança diplomática da comunidade no país anfitrião.
Segundo o Chefe de Estado, a Guiné-Bissau “está mais do que preparada” para assumir a presidência da CPLP.
A escolha do tema soberania alimentar como foco do biénio guineense não é apenas uma pauta técnica, é uma afirmação política. Num mundo cada vez mais desigual, onde a insegurança alimentar afeta milhões de pessoas, a CPLP assume um papel decisivo no incentivo à produção local, no fortalecimento dos pequenos produtores, no acesso equitativo à terra e na preservação de práticas agrícolas sustentáveis.
A proposta guineense visa reforçar mecanismos de cooperação que valorizem a agricultura como pilar de soberania, dignidade e futuro. Como país com vocação agrícola e experiências comunitárias resilientes, a Guiné-Bissau coloca-se como interlocutora legítima e sensível a estas urgências.
Além da diplomacia, a cimeira será também uma oportunidade para encontros culturais, exposições, apresentações musicais e momentos de intercâmbio entre representantes da sociedade civil da lusofonia.
Espera-se que Bissau se transforme, nestes dias, num espaço de celebração da diversidade cultural e de reforço dos laços afetivos entre os povos de língua portuguesa.
Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.
Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para redacao@bantumen.com.
Recomendações
Marcas por escrever
Contactos
BantuLoja