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Na última semana de maio, os temas que mais captaram a atenção dos nossos leitores foram o regresso de Nilton CM com uma crítica social afiada em "A Mesa"; a visão de Monique Evelle sobre o futuro digital de Cabo Verde; a reflexão histórica sobre a Casa dos Estudantes do Império; o álbum de estreia íntimo e pessoal de Nayr Faquirá; e o regresso de Welket Bungué à Guiné-Bissau para apresentar "Corpo Periférico", além do anúncio da estreia dos seus filmes em plataformas de streaming.
Lançada a 16 de maio, "A Mesa" é o primeiro aperitivo do álbum "Sinto Muito", previsto para o terceiro trimestre de 2025. Com produção de Lil Drake Beatz e um dueto com RNB GUCCI (alter ego de Nilton), a faixa traz letras afiadas que não poupam ninguém: amigos que traem, relações tóxicas, pais que abandonam filhos e a loucura dos likes nas redes sociais.
Sobre as metas comerciais, o rapper assume sem rodeios: "Eu não sou um rapper de números astronómicos porque a minha abordagem não é tão comercial, mas sei que impacto centenas, milhares de pessoas com o que canto". Nilton olha para a cena musical angolana com olhos críticos, elogiando a energia e o surgimento de novos criadores, mas denunciando um mercado "viciado em métricas" que valoriza apenas números em vez de autenticidade.
Entre os dias 5 e 6 de maio de 2025, Cabo Verde celebrou a inauguração oficial do seu Parque Tecnológico, o TechPark, com eventos na Praia e no Mindelo. A cerimónia contou com a presença de diversas personalidades do sector tecnológico e político, incluindo Monique Evelle e Lucas Santana, fundadores da plataforma brasileira Inventivos, convidados como oradores principais.
Em entrevista exclusiva à BANTUMEN, Monique partilhou as suas impressões sobre a visita: "Ver um país africano investir de forma tão estratégica no futuro digital é algo complementar a tudo o que estamos a construir com a Inventivos". A empreendedora destacou o potencial de Cabo Verde como ponte entre África, América Latina e Europa, especialmente para a diáspora afro-lusófona, e revelou planos para adaptar o modelo da Inventivos ao contexto cabo-verdiano.
A Casa dos Estudantes do Império, projeto nascido nos anos 40 durante o regime de Salazar, foi concebida como uma estratégia para recrutar jovens africanos, oferecer-lhes ensino superior em Lisboa e, posteriormente, transformá-los em defensores do colonialismo português. No entanto, o regime subvalorizou esses "meninos da casa" e o plano acabou por se virar contra o próprio criador.
O que deveria ser um ninho de expectativas transformou-se num berço de mudança, reunindo nomes incontornáveis como Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Amílcar Cabral. A CEI tornou-se um espaço de troca de ideias revolucionárias, onde jovens artistas e intelectuais como Alda Espírito Santo, Noémia de Sousa e Mário Pinto de Andrade moldaram a luta anti-colonialista através de colóquios, debates sobre literatura, música e arte, culminando num "tiro no próprio pé" para a ideia de civilização arquitetada pelo regime.
Transformar o tabu em música, para Nayr Faquirá, passa por canalizar a raiva. "A raiva ajuda um bocado, não vou mentir. É o sentimento que mais me tem ajudado a dizer as coisas", confessa a artista, que escreveu mais de uma centena de canções antes de selecionar as 14 faixas que compõem Entrelinhas, o seu álbum de estreia.
Ao longo do novo trabalho, Nayr dá a conhecer um lado marcado por traumas e silêncios forçados, abordando de forma pessoal a experiência de ser uma mulher negra numa indústria ainda marcada por dinâmicas de assédio e abuso. "Quero que as pessoas se sintam um bocado desconfortáveis ao ouvir. Para entrar no meu mundo, têm de passar por esse desconforto", sublinha a artista, que transita entre diferentes camadas da sua identidade, do r&b ao hip hop, sem se prender a um único registo.
Welket Bungué regressou à sua terra natal, Guiné-Bissau, para participar na Primeira Bienal de Arte e Cultura do país, onde assumiu o papel de curador da seção dedicada às Artes Performativas e à Imagem em Movimento. O evento marcou também a primeira apresentação pública do seu livro Corpo Periférico, um ensaio performativo que reflete sobre as dinâmicas da afrodiáspora e os deslocamentos identitários de corpos racializados.
Paralelamente, o ator e realizador anunciou que, a partir de 22 de maio, os filmes Prima ku lebsi e Latitude Fénix passam a integrar o catálogo da Filmin. Latitude Fénix, nomeado para Melhor Curta-Metragem de Ficção nos Prémios Sophia 2025, encena um ritual poético onde figuras históricas de São Tomé e Príncipe ganham vida no presente, enquanto Prima Ku Lebsi, premiado no Afrobrix Film Festival, oferece um retrato politizado da juventude afrodescendente na periferia de Lisboa.
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