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Após vários anos afastado dos palcos, o rapper guineense Makaveli Militar, conhecido pelas suas músicas de intervenção social, prepara-se para atuar em nome próprio pela primeira vez em Portugal. O concerto está marcado para 18 de outubro, no Armazém 18, em Odivelas, e marca o regresso de um dos nomes mais influentes do hip hop guineense.
O artista lançou no último fim de semana o single “Regresso di Rei”, integrado no álbum Hibridismo, um projeto que, segundo o próprio, simboliza a afirmação do seu lugar no panorama do hip hop nacional e internacional. O título do tema deixa subentendida a mensagem de que o “rei” está de volta para reivindicar o seu “trono” na música guineense.
Antes deste lançamento, Militar já tinha apresentado Vida Dibo”, uma faixa de intervenção social que reflete sobre comportamentos, escolhas e consequências. “O álbum traduz a maturidade, a versatilidade e a essência combativa de Makaveli, que funde diferentes correntes sonoras sem abdicar da sua base: o rap verdadeiro”, explica o músico.
Em declarações sobre o concerto de estreia em Portugal, Makaveli sublinha o valor simbólico do momento, assumindo-o como “uma prova de superação e representa um marco muito profundo na minha vida. Tudo o que passei acaba por servir de exemplo para muitas pessoas que vivem situações adversas. A esperança é a última que morre. Mesmo em tempos difíceis, é sempre possível dar a volta, nada é impossível.”
“Hibridismo”, o primeiro álbum de estúdio do artista, inclui 18 faixas produzidas em Portugal e conta com participações de Patche de Rima, Shorty Clay, Boina Burmedju, Pop Bottles, Anderking, Lil As, Muka John e Kelly Belo.
O rapper descreve o projeto como “uma viagem no tempo e um retrato da diversidade de pensamentos e sentimentos unidos por uma linha de consciência e de fazer o bem”.
“Politicamente, hibridismo é transformação. Representa as escolhas que fazemos na vida e a união de realidades distintas que espelham a minha vivência e visão crítica”, acrescenta ao mesmo tempo que reconhece o peso da sua influência junto das novas gerações: “Sinto uma responsabilidade enorme, sobretudo por ser seguido por muitos jovens. Mesmo quando passei por situações difíceis, incluindo a prisão, mantive-me fiel aos meus princípios. Quero mostrar que é possível cair e levantar-se, sem trair os valores que nos definem.”Makaveli Militar | DR
Depois do concerto em Portugal, regressará à Guiné-Bissau em dezembro para apresentar o álbum na Plataforma Jomav, num espetáculo agendado para o dia 6. “Voltar a Bissau para apresentar o álbum é algo gigante, pessoal, profissional e emocionalmente. Depois de tudo o que vivi, regressar e ser recebido como rei e como um dos nomes mais fortes do hip hop guineense é uma bênção”, afirma o músico.
Makaveli Militar nasceu do movimento hip hop da segunda metade dos anos 90, inspirado pelo irmão mais velho, Sundy, e pelo ativismo musical de 2Pac. O reencontro com o irmão em 2005 reforçou a sua determinação em afirmar-se através da música e da intervenção social.
Filho de um líder sindical e dirigente político, fundou em 2007 o grupo Outlaws, com Juviano Cunha (Jamaica J), alcançando sucesso com o single “Um Olhar Sobre a Guiné”. No ano seguinte, destacou-se com “Paz na Guiné”, em colaboração com MC Dapi, e, em 2009, lançou “R.I.P Sundy”, uma homenagem ao irmão falecido, que conquistou grande reconhecimento público.
Em 2010, com “Make Move”, venceu o prémio de melhor canção de rap na Rádio Jovem e realizou o seu primeiro grande concerto na Lenox, o principal palco cultural do país. Nos anos seguintes, assinou temas de teor político e social, como “Dama Ca Bu Bai”, “Desigualdade Judicial” e “Ké Mpudi Rap”, considerado um clássico do rap guineense.
Após denunciar práticas ilícitas em “Nkana Cala” (2012), foi alvo de perseguição e refugiou-se em Dakar, regressando à Guiné-Bissau apenas em 2017. Formou-se em Direito e lançou temas como “Nha Desculpa”, “Papo Reto” e “O Revolucionário”. Em 2021, mudou-se para Portugal, onde prosseguiu a carreira com sucessos como “Barriti Burmedju” e “Guerra de Trono”, com Nigga Tchunso.
Hoje, é considerado um símbolo de resistência e criatividade, unindo música e ativismo social e consolidando o seu estatuto como uma das vozes mais representativas do hip hop guineense contemporâneo.
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