Marie Antoinette apresenta autobiografia no CCCV antes de passar pelo Palácio de Belém

September 3, 2025
 Marie Antoinette livro lisboa
Marie Antoinette| ©Marlene Nobre

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Depois de conquistar leitores no Brasil, Marie Antoinette apresentou nesta terça-feira, dia 2 de setembro, no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa, a sua autobiografia Das Cinzas ao Ouro. A obra, já considerada um sucesso no Brasil, reflete a trajetória de superação da autora, marcada por abusos, discriminação, pobreza e desafios familiares, transformados em força e resiliência.

Em Das Cinzas ao Ouro, a empresária relata episódios de violência doméstica, abusos sexuais sofridos na infância na Guiné-Bissau, experiências de racismo na Europa e momentos de adversidade, incluindo a prisão e o diagnóstico do filho. “Cada cicatriz que trago representa uma vitória”, afirmou durante a apresentação. “Este livro custou-me muito. Chorei a cada página, mas também foi o meu processo de cura. Pus tudo cá para fora: a dor, as pancadas, a injustiça. Escrevê-lo foi a minha forma de transformar o sofrimento em oração e a oração em vida.”

Durante a sessão, a autora recordou que, apesar de todas as conquistas, a sua motivação vem de um passado difícil. “Na infância, o que mais procurava era um gesto de carinho da minha mãe. Nunca tive. Em vez disso, vivi abusos e castigos. Este livro não é só sobre mim, é sobre todas as crianças que sofrem em silêncio. Quero que se torne uma ferramenta de mudança para que outras não passem pelo que eu passei.”, desabafou visivelmente emocionada.

Para Marie Antoinette, apresentar o livro em Portugal foi também um gesto simbólico. “Portugal faz parte das minhas raízes, porque fomos colonizados, mas também porque aqui vive uma grande comunidade de africanos. Quero que todos os que partilham da minha pele e da minha história percebam que podemos transformar as cicatrizes em estrelas e as cinzas em ouro.”

O lançamento contou com um desfile de moda em homenagem à autora e com a atuação do cantor Patche di Rima. Além disso, a autora fez saber que está em curso uma adaptação da obra para cinema.



Patche di Rima, durante apresentação da obra | ©Marlene Nobre


Segundo Júlio Aponto Té, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços Brasil–Guiné-Bissau (CCIAS) e representante da autora, o objetivo é levar a autobiografia a todos os países da lusofonia. “É um testemunho de superação que ultrapassa fronteiras, porque fala de uma realidade que muitas mulheres e crianças vivem em silêncio”, sublinhou.


Luís Vicente, fundador da Nimba Edições e consultor na edição da obra, destacou a intensidade do testemunho da autora: “É um livro muito forte. Houve momentos em que, ao lê-lo, senti que a vida também me estava a ser explicada". E acrescenta: "Trabalhar nesta edição foi um exercício de reflexão. Percebi a força, a resiliência e a capacidade de afirmação de uma mulher que conseguiu dar a volta à sua vida e chegar onde chegou com muito trabalho e esforço. Não é qualquer pessoa que conseguiria.”, disse.

Marie reforçou ainda a intenção de aproximar-se de Cabo Verde, terra de origem paterna, depois de ter já consolidado o trabalho na Guiné-Bissau. “Este livro é para todas as mulheres que acreditam que a cor da sua pele as pode condenar. A vida é uma constante transformação. Importa querer evoluir e lutar por isso”, afirmou.

A passagem da autora por Portugal termina com a apresentação da obra no dia 4 de setembro, na Festa do Livro, uma iniciativa do Presidente da República português Marcelo Rebelo de Sousa, realizada anualmente desde 2016, nos Jardins do Palácio de Belém, em parceria com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

Nascida na Suíça, com origens guineenses e cabo-verdianas, Marie Antoinette construiu uma carreira multifacetada. Começou na moda, desfilando para casas como Dolce & Gabbana, Versace, Paco Rabanne e Jean Franco Ferré, e seguiu pela música, com os álbuns The First Brick e Somebody Loves. Hoje, lidera empresas na Suíça e na Guiné-Bissau, em áreas como investimentos imobiliários, consultoria mineira, desenvolvimento de negócios e iniciativas sustentáveis.

Entre os empreendimentos que fundou destaca-se a MA&CS (Marie Antoinette & Concierge Services), uma empresa de serviços de luxo e conciergerie personalizada, criada em 2018 em Genebra.

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Júlio Aponto Té, presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços Brasil–Guiné-Bissau |©Marlene Nobre

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Luís Vicente, fundador da Nimba Edições©Marlene Nobre

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