"Mergulhuei": Mariela conta-nos como transformou desilusão em música

Mariela,  cantora luso-angolana, lança-se de corpo inteiro numa nova fase artística com o single “Mergulhei”. O tema, inspirado numa experiência amorosa que terminou com desilusão, fica disponível nas plataformas digitais a partir desta quinta-feira, 17 de julho, e será apresentado ao vivo no Festival MIL – Lisbon International Music Network.

“Passei por uma situação amorosa que não correu muito bem, mas percebi que foi por distração minha. Mergulhei sem sequer pensar... E daí nasceu esta música”, partilha numa entrevista concedida à BANTUMEN. A entrega emocional dá o tom a um tema que fala de vulnerabilidade, ausência de foco e das consequências de ignorar os sinais.

Conhecida pelas suas sonoridades iniciais de R&B, trap, hip hop e afrobeat, e pela participação em Versos e Poesias, a artista dá agora um passo em direção a uma estética mais atmosférica e cinematográfica, sem renegar as suas raízes. É nessa procura que encontra o “new jazz”, conceito que assume como extensão natural do seu ADN artístico. “Permite-me manter a minha identidade R&B, mas de forma mais dançante. Quero continuar a explorar e transformar, sem perder a minha essência”, explica.

A produção de “Mergulhei” esteve a cargo de Exu Machado, que desenvolveu o instrumental a partir de um sample de “Deep Love”, de Calvin Harris. “Ele disse-me: ‘Acho que isto é perfeito para ti’. E foi mesmo. Eu queria uma vibe assim dançante, mas com peso emocional.” O mixing e master ficaram nas mãos de Mil1, com quem mantém uma relação de colaboração estreita. “Trabalhamos com base na troca constante. Eu dava a minha opinião, ele concretizava. Foi tudo muito orgânico.”


Cantora Mariela em entrevista à BANTUMEN | @bantu_men

O videoclipe, ainda em fase de produção, terá como elemento central a água, imagem simbólica da entrega emocional que dá nome ao tema. “Tem mesmo a ver com água… vais ver-me a entrar na piscina”, revelou Mariela, sem adiantar ainda a data de lançamento. A encenação visual, tal como a música, reforça o mergulho não apenas numa relação, mas numa nova fase criativa mais consciente e mais madura.

A 9 de outubro, Mariela apresenta-se no palco do MIL, festival que celebra a música emergente e as vozes plurais da cena luso-africana e internacional, e onde fará a primeira exibição pública do tema Mergulhei, algo que vê como um reconhecimento importante. “O que eu espero é uma boa energia. Daí em diante trabalha-se com isso, porque um artista tem de ser um performer. Temos de estar preparados para lidar com todo o tipo de energia”,  conta quando questionada acerca das expectativas. Sobre o alinhamento, promete uma atuação versátil, que conjuga temas anteriores com arranjos acústicos pensados para destacar a voz e a carga sentimental do beat.  “Eu pretendo fazer arranjos mais acústicos, porque também quero realçar mais a voz. Ao mesmo tempo não vou descurar do lado sentimental do beat e vou fazer mesmo uma viagem.”

Inspirada por artistas como Rihanna, Tyla e Kehlani, Mariela procura absorver referências sem cair na imitação. De Rihanna, retém a versatilidade e a assinatura vocal. De Tyla, o orgulho africano e o compromisso técnico. No final? “O que eu mais quero é que as pessoas ouçam uma música e saibam: isto é da Mariela.”

Com “Mergulhei”, a artista abre caminho para uma série de lançamentos ao longo de 2025. “Neste momento estou numa fase de lançar alguns singles e, provavelmente, para o ano lanço um projeto novo”, antecipa. A intenção é consolidar uma estética, criar um corpo de trabalho coerente e continuar a afirmar-se no panorama da música contemporânea feita em português.