“O 'Mood' é um EP para sentir, não para pensar”, Cíntia

May 11, 2025
mood cintia
Cíntia 📸 BANTUMEN/Wilds gomes

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Depois de um tempo longe dos lançamentos, Cíntia está de volta com um EP que soa a verão infinito. Lançado no final de abril, Mood é um projeto de cinco faixas que, mais do que um género específico, traduz estados de espírito. Numa conversa intimista, a artista abriu o seu processo criativo, falou sobre o seu regresso aos palcos e partilhou os desafios de manter-se fiel à sua identidade enquanto navega por uma indústria que exige cada vez mais exposição digital.


“O Mood não foi um projeto pensado do início ao fim. Foram sons que fui fazendo ao longo de dois, três meses, cada um num estado de espírito diferente. Quando ouvi os cinco juntos, percebi que faziam sentido como conjunto”, explicou-nos Cíntia. Entre harmonias suaves, batidas quentes e letras que se fundem com os instrumentais, o EP mistura afrobeat, afroswing e pop urbano, mas resiste a qualquer catalogação rígida: “Tentei voltar ao afroswing, mas aquilo não está bem afroswing. Não sei o que é.” E quando lhe pedimos para descrever o EP numa linguagem mais sensorial? “Se fosse uma peça de roupa, era um biquíni. Se fosse comida, talvez camarões… uma cena leve”.


Apesar da vibe leve e descontraída, Mood nasceu de forma espontânea, mas com uma direção clara. Cíntia deixou que as melodias falassem primeiro e só depois encaixou as letras. Se tivesse escrito tudo de raiz, o resultado seria outro, provavelmente menos cantado e mais rap, que continua a ser a sua base. Este processo quase intuitivo tornou-se uma constante no trabalho da artista. “Escrevo cada vez menos. Já canto há algum tempo, então rimar já vem automático. Faço mais sons num dia e consigo passar melhor a vibe do momento. Mas se fosse um álbum, aí sim, sentava-me a escrever com intenção. Um álbum é para ser ouvido com atenção. O EP é para curtir: a caminho do trabalho, na praia, no carro…”, explicou.


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Cíntia fotografada no bairro da Apelação | 📸 BANTUMEN/Wilds Gomes

Essa dualidade entre criar para sentir ou para pensar acompanha Cíntia desde sempre. E embora reconheça que ainda não chegou o momento de partilhar os lados mais íntimos da sua história, sabe que essa fase vai chegar. “Acho que já está na altura de trazer uma parte mais pessoal da Cíntia, mas estou à espera do momento certo. Não quero lançar só um single a falar dos meus pais ou da minha vida. Quero preparar um projeto com pés e cabeça. Porque depois disso vêm os shows, vêm as entrevistas, e eu vou ter de estar preparada para assumir essa vulnerabilidade. Não é fácil”, confessa Cíntia.


No Mood, temas como "Tou Fora" e "Tipo Namora" destacam-se pelo discurso de independência emocional, um reflexo direto da sua personalidade. “Sim, sou mesmo essa pessoa. Sinto muito, mas também sou muito reservada. Só nos palcos é que consigo abrir-me mais. Os beats são o nosso diário.”


Cíntia também encara a música como uma forma de representação. Nem tudo o que canta parte de experiências pessoais. Por vezes, dá voz a histórias de outros e foi o caso de "No Stress No Money", inspirado num episódio vivido por um amigo que, depois de ser assaltado, serviu de mote para a artista criar o som no próprio estúdio. “É sobre ele, não sobre mim”, sublinha. Para Cíntia, a música é como representar: vestir papeis, interpretar sentimentos e vivências.


Com o foco no futuro, admite que chegou a altura de apostar mais nas colaborações. Depois de um percurso marcado por temas a solo - de 20 sons, 17 são seus, como a própria indicou -, sente que o próximo passo é partilhar estúdio com outros artistas. Já tem algumas parcerias em andamento, como com o MC Minor, do Brasil, Gerex e outros nomes em crescimento. “Agora quero mesmo focar nisso”, sublinha a artista.


Apesar de trabalhar de forma independente, Cíntia tem contado com o suporte da label Faded. “Agora é mais fácil. Quando era só com os rapazes, tínhamos que arranjar tudo. Agora só preciso de chegar e gravar. Mas a parte da promoção, dos TikToks, ainda é comigo. E isso está a ser difícil. Antigamente bastava o Instagram ou Facebook. Agora tens de fazer tudo: TikTok, diretos, vídeos… É muita coisa.”


Leve, espontânea, fiel a si mesma e consciente do que ainda está por vir, Cíntia mostra que está pronta para continuar a trilhar um caminho que é só dela. 

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