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A quarta longa-metragem do realizador guineense Sana Na N’hada, “Nome”, foi apresentada em Maputo, no âmbito da terceira edição dos Encontros do Património Audiovisual. A sessão no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), e integra a programação paralela do evento, que decorre até sexta-feira na capital moçambicana.
Produzido através de uma colaboração que reúne a portuguesa Lx Filmes, a angolana Geração 80, e produtoras de França e da Guiné-Bissau, “Nome” é descrito pela organização como “um marco na cinematografia da Guiné-Bissau”. A obra aborda a história e os desafios contemporâneos do país no contexto das comemorações dos 50 anos da independência das antigas colónias portuguesas.
O filme teve estreia mundial em 2023, na secção ACID do Festival de Cannes, e desde então soma distinções internacionais como o Grande Prémio da Competição Internacional do Festival International du Film Indépendant de Bordeaux, o Prémio de Melhor Longa-metragem no Du Grain à Démoudre, e três distinções no Festival Internacional de Cinema Panafricano de Luanda — Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz para Binete Undonque.
A narrativa começa em 1969, em plena guerra contra o exército colonial português. O protagonista, Nome, vive numa aldeia com a mãe e a mulher que ama, Nambu, até que decide juntar-se aos guerrilheiros do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Anos mais tarde, regressa à aldeia como herói de guerra, mas o entusiasmo da libertação dá lugar à desilusão e ao desencanto. O filme revisita o período pós-revolucionário e interroga-se sobre o sentido das conquistas da independência, questionando: “Será que é esta a Guiné-Bissau pela qual lutámos?”.
O programa cinematográfico dos Encontros do Património Audiovisual inclui ainda a exibição dos filmes “Geração da Independência”, de Sol de Carvalho e Paula Ferreira, no Cine-Teatro Scala, e “Spell Reel”, de Filipa César, no CCFM. Até sexta-feira, serão exibidas produções de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Portugal e Cuba, incluindo obras históricas como “O Tempo dos Leopardos” (1985) e filmes de arquivo da Cinemateca Portuguesa, datados de 1929 a 1974.
A terceira edição dos Encontros, que reúne especialistas e cineastas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, encerra com uma sessão dupla dedicada ao clássico moçambicano “Deixem-me ao Menos Subir às Palmeiras” (1972). O evento é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e apoiado pelo CCFM, pela Embaixada de França (através do programa FEF Création Africa) e pelo Institut Français, através do programa AOCA, contando ainda com o apoio institucional do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas de Moçambique.
Reconhecido como o primeiro cineasta da história da Guiné-Bissau, Sana Na N’hada nasceu em Enxalé, em 1950. Aos 13 anos, alistou-se na Guerra da Independência e, mais tarde, foi enviado por Amílcar Cabral para estudar cinema em Cuba, juntamente com Flora Gomes. A formação prosseguiu em Paris, no Institut des Hautes Études Cinématographiques.
Fundador e primeiro diretor do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual da Guiné-Bissau (INCA), entre 1978 e 1989, Na N’hada construiu uma filmografia marcada pela reflexão sobre a luta pela independência e as transformações sociais do país. Entre as suas obras destacam-se “Xime” (1994), apresentado no Festival de Cannes, “Bissau d’Isabel” (2005) e “Kadjike” (2013), filmado no arquipélago dos Bijagós.
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