“O Que Fazemos Com Isto?” leva o debate sobre memória, colonialismo e pertença ao centro de Braga

O gnration, em Braga, vai acolher nos dias 20 e 21 de novembro o ciclo “O Que Fazemos Com Isto? – Pensar Questões Coloniais”, uma iniciativa integrada na programação de Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura. O projeto propõe uma reflexão alargada sobre o legado colonial português e as suas manifestações no presente, através de um programa que combina visitas guiadas, debates, performances, instalação artística e apresentação editorial.

A proposta parte da premissa de que o colonialismo, ainda que frequentemente silenciado, permanece inscrito nas estruturas sociais, nas representações culturais e na própria paisagem urbana. Ao longo de dois dias, artistas, investigadores e ativistas com ligações à cidade e a países de língua portuguesa vão interrogar as formas como essas memórias persistem e influenciam a contemporaneidade.

O programa arranca a 20 de novembro com a visita “Braga Colonial – Passeio pelas marcas do Império na cidade”, uma caminhada guiada que convida o público a observar a cidade sob um novo olhar e a reconhecer as marcas históricas deixadas pelo passado imperial. No dia seguinte, 21 de novembro, realiza-se a conferência “Roda de Conhecimentos: Outras Histórias, Outros Futuros. Memórias Coloniais e Desafios Decoloniais”, seguida da sessão “O que estamos a fazer com isto? E o que, ainda, falta fazer”. O mesmo dia inclui a apresentação do livro Tudo Isto é Futuro e a inauguração da instalação “Neo – Drapetomania”, de Diogo “Gazella” Carvalho, que ficará patente até 29 de novembro.

O ciclo tem curadoria de Hugo Cruz e mediação de Chisoka Simões e Simone Almeida, reunindo intervenções de Ondjaki, Landa e Susana Madeira. Entre os oradores da conferência de 21 de novembro destacam-se Mariana Pinto dos Santos, Victor Barros, Claudino Ferreira, Elísio Macamo e Rosa Cabecinhas. Participam ainda jovens criadores e investigadores como António Zaqueu, Brenda Souza, Bruna de Castro, Fatimata Ba, Luege D’Olim, Luiza Lins, Sarina Azevedo e Vânia Alves.

“O Que Fazemos Com Isto?” pretende ser um ponto de encontro entre memória e futuro, questionando as formas pelas quais a herança colonial continua a moldar identidades e narrativas no espaço público. A escolha de Braga como palco desta reflexão ganha sentido num ano em que a cidade assume o papel de Capital Portuguesa da Cultura, abrindo espaço para um diálogo mais profundo sobre a importância da arte e do pensamento crítico na construção de uma sociedade mais consciente e inclusiva.

Todas as atividades decorrem no gnration, na Praça Conde de Agrolongo, e a maioria é de entrada livre, embora algumas possam exigir inscrição prévia. O programa completo está disponível em gnration.pt.