Papillon lança “Wonder”, encerra trilogia iniciada em 2018 e prepara concerto no Coliseu

Papillon edita hoje, 21 de novembro, “Wonder”, álbum que levará ao palco do Coliseu dos Recreios em março de 2026 e que encerra a trilogia iniciada em 2018 com Deepak Looper e prolongada em 2022 com Jony Driver. O percurso dos três discos acompanha o desenvolvimento pessoal e artístico do músico, que idealizou o projeto como metáfora de uma metamorfose. 

Em comunicado, o rapper recorda que a imagem da borboleta esteve presente desde o início, não só por ser o significado de Papillon, mas também por sintetizar o processo que quis narrar, descrevendo a trilogia como expressão do seu “crescimento pessoal e artístico ao longo dos tempos” e como “uma proposta criativa e uma ideia que queria partilhar com o mundo”.

Composto por 13 faixas, Wonder marca o fecho de um ciclo conceptual, embora o artista sublinhe que a transformação não termina aqui. O novo trabalho funciona, nas suas palavras, como convite para “percebermos se já chegámos a essa fase ou se ainda estamos no processo de evolução” e nasce igualmente da própria curiosidade do músico sobre o que pode surgir depois, numa disposição que associa à vontade de avançar “com um brilho nos olhos e com vontade de fazer mais e melhor”.

Antes da carreira a solo, Papillon integrou o coletivo GROGNation, que terminou atividade em 2022. O início desse trajeto foi marcado por estética minimalista e referências do boom bap, centradas na habilidade técnica e no flow, período que o artista descreve como “a escola do rap”, feita de batidas simples e espaço para mostrar “a skill de flow”. 

Com o tempo, aproximou-se da construção de canções mais melódicas e diversificadas, um território que já explorava no primeiro álbum e que identifica como resultado de ter começado a gostar “das cores, de melodias, de criar canções”, permitindo-se ser “um pouco mais atrevido” na busca de sonoridades diferentes. Reconhece que, desde 2018, cresceu enquanto intérprete e produtor, muito por via das experiências acumuladas na estrada e das colaborações que estabeleceram novas aprendizagens. Afirma ter desenvolvido a capacidade de trabalhar melodias, harmonias, camadas de voz e refrões, elementos que se tornaram estruturantes em Wonder. 

A génese de grande parte dos temas partiu de processos simples: guitarra, voz e escrita, com a intenção de construir canções sólidas a partir do essencial, método que descreve como forma de procurar “a melhor canção possível com poucas coisas”.

O disco conta com participações de Bárbara Tinoco e Carla Prata, integradas já numa fase avançada do projeto, produzido com GOIAS, Diogo Púrpura, Migs e Ariel. A apresentação ao vivo está marcada para 20 de março no Coliseu dos Recreios, num espetáculo que o artista descreve como celebração de quem o acompanha desde o início, mas também de quem chega agora através deste terceiro capítulo. A ambição é equilibrar repertório antigo e novas canções, num alinhamento pensado com o mesmo rigor aplicado ao estúdio, mantendo “o mesmo esforço e afinco” que investiu nos discos.

No contexto do lançamento, Papillon disponibilizou ainda a curta-metragem “Sonhos”, publicada na sua conta oficial de YouTube. O filme de 30 minutos revisita episódios que atravessam a sua narrativa musical, desde o desejo de jogar futebol limitado por lesões e questões documentais, até ao luto pela morte do pai. 

O artista entende a obra como síntese simbólica do caminho que o conduziu ao presente e como gesto de retribuição para quem acompanha essa trajetória, “materializando coisas que já tinha dito no primeiro e no segundo disco”.

Entre os elementos que compõem esta nova fase, o rapper destaca o nascimento do filho, experiência que descreve como “uma prioridade nova” e uma das fontes de inspiração para o álbum agora editado.