Golos tardios e margem curta para o erro marcam primeira jornada da CAN 2025

A primeira jornada da fase de grupos da Taça das Nações Africanas (CAN) 2025, que decorre em Marrocos, chegou ao fim. A competição começou com jogos intensos, vitórias dos favoritos e golos decisivos nos minutos finais, confirmando desde logo a imprevisibilidade do torneio.

Marrocos, anfitrião do evento, inaugurou o marcador e venceu as Comores por 2-0, controlando a partida desde os primeiros minutos. Mali e Zâmbia empataram 1-1, com os zambianos a garantirem o ponto final nos descontos. No Grupo B, a África do Sul derrotou Angola por 2-1, enquanto o Egipto venceu o Zimbabué por 1-0, graças a um golo tardio de Mohamed Salah. No Grupo C, a Tunísia triunfou sobre Uganda por 3-1, e a Nigéria superou a Tanzânia por 2-1. Senegal goleou o Botsuana por 3-0 e a República Democrática do Congo venceu o Benim por 1-0. A Argélia bateu o Sudão por 3-0, enquanto Burkina Faso conseguiu uma reviravolta sobre a Guiné Equatorial, ao vencer por 2-1 com dois golos nos minutos finais. A campeã Costa do Marfim estreou-se com uma vitória por 1-0 sobre Moçambique, e Camarões derrotou o Gabão pelo mesmo resultado.

Angola estreou-se com uma derrota por 2-1 diante da África do Sul, equipa que permanece invicta há mais de 24 jogos. A exibição angolana ficou marcada por limitações técnicas e táticas. O novo selecionador, Patrice Beaumelle, anunciado em setembro de 2025 para suceder ao português Pedro Gonçalves, assinou um contrato de dois anos, regressando a Angola, onde já havia sido adjunto de Hervé Renard em 2010. O tempo curto para conhecer os jogadores e implementar a sua filosofia de jogo foi evidente no encontro frente à África do Sul.

As Palancas Negras tiveram dificuldades na ligação entre os diferentes setores, com um meio-campo que revelou limitações na circulação e na capacidade de acelerar o jogo ou encontrar soluções entre linhas. No plano ofensivo, a equipa recorreu sobretudo a ações individuais, num contexto em que a organização defensiva sul-africana conseguiu anular grande parte das iniciativas. Defensivamente, o bloco manteve alguma consistência ao longo do encontro, ainda que erros posicionais em momentos-chave e uma menor capacidade de resposta quando o ritmo aumentou tenham condicionado o resultado. O jogo desta sexta-feira frente ao Zimbabué assume, assim, importância acrescida no enquadramento das aspirações angolanas na fase de grupos.

Moçambique, na sua sexta participação na CAN, perdeu na estreia por 1-0 diante da Costa do Marfim, num jogo decidido na segunda parte. A equipa mostrou compromisso defensivo e espírito de sacrifício, com linhas compactas e boa organização coletiva, mas evidenciou fragilidades técnicas, erros individuais e falta de eficácia ofensiva. Sempre que recuperava a bola, Moçambique teve dificuldade em sair a jogar, manter a posse e criar oportunidades, com o ataque isolado e sem apoio do meio-campo.

O golo sofrido surgiu na sequência de um período de maior pressão do adversário, num jogo em que o desgaste físico e situações individuais acabaram por influenciar o desfecho. Em termos colectivos, Moçambique revelou dificuldades na gestão da posse e na construção ofensiva ao longo do encontro. O próximo compromisso será frente ao Gabão, a 28 de dezembro. Desde a estreia na fase final da CAN, em 1986, a selecção moçambicana ainda não registou qualquer vitória na competição.

No balanço da primeira jornada da CAN 2025, os resultados confirmam um arranque marcado por jogos equilibrados e várias decisões nos minutos finais, mesmo nos encontros que envolveram seleções apontadas como favoritas. Situações como a reviravolta do Burkina Faso ilustram a margem reduzida para o erro nesta fase da prova. Senegal, Marrocos e Argélia entraram a vencer, enquanto Angola e Moçambique iniciaram a competição sem somar pontos.

Com o avanço da fase de grupos, a definição dos lugares de apuramento deverá manter-se em aberto até às jornadas seguintes, num contexto de elevada competitividade entre as seleções participantes.