São Tomé e Príncipe torna-se o primeiro país do mundo classificado como Reserva da Biosfera

São Tomé e Príncipe entrou para a história ao tornar-se o primeiro país do mundo com todo o território reconhecido pela UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera. O anúncio foi feito durante o Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, em Hangzhou, na China, onde foram adicionados 26 novos locais em 21 países à rede mundial.

Com esta decisão, o arquipélago torna-se pioneiro num movimento global que procura conciliar a preservação ambiental com a vida sustentável. Até agora, apenas a ilha do Príncipe - inscrita em 2012, juntamente com ilhotas circundantes - fazia parte da rede. A nova classificação estende-se agora também à ilha de São Tomé, garantindo assim a proteção integral do território nacional.

As ilhas de São Tomé e Príncipe são frequentemente descritas como um “laboratório vivo” da biodiversidade africana. Do relevo vulcânico coberto por florestas húmidas às espécies endémicas, o arquipélago guarda ecossistemas que agora ganham maior reconhecimento e proteção internacional.

A UNESCO destacou que a inclusão do país na rede mundial de reservas da biosfera reflete abordagens inovadoras para a vida sustentável, essenciais para enfrentar desafios como a insularidade, a erosão costeira e os impactos crescentes das alterações climáticas.

Além de São Tomé e Príncipe, também Angola e Guiné Equatorial passaram a integrar a lista da UNESCO pela primeira vez, num sinal de que os ecossistemas africanos estão a ganhar maior protagonismo nas agendas globais de conservação. Portugal foi igualmente contemplado com novas áreas reconhecidas.

O selo da UNESCO traz a São Tomé e Príncipe não apenas visibilidade internacional, mas também a possibilidade de atrair investimento em ecoturismo, agricultura sustentável e inovação social. Para um país cujo tecido económico depende da terra e do mar, esta distinção é uma oportunidade de reposicionar o seu futuro em torno da sustentabilidade.

Há também a dimensão simbólica de ser um país africano a inaugurar um feito global. Num mundo onde as narrativas sobre a crise climática continuam a ser dominadas pelo Norte global, São Tomé e Príncipe afirma-se como referência. O arquipélago mostra que a preservação da biodiversidade pode ser motor de desenvolvimento, sem deixar para trás a cultura e a identidade local.

Ao transformar todo o território numa reserva da biosfera, o país lança o desafio de pensar o futuro não como um dilema entre crescimento e preservação, mas como uma oportunidade de progresso aliado à sustentabilidade.