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Depois da inauguração do polo na Praia, foi a vez da cidade do Mindelo receber oficialmente o TechPark CV, consolidando Cabo Verde como um dos países africanos mais comprometidos com a transformação digital.
A cerimónia contou com a presença de membros do governo, parceiros internacionais e representantes de startups de toda a região, numa celebração marcada pela diversidade de vozes e pela ambição de posicionar o arquipélago como referência em inovação tecnológica.
Tal como aconteceu na capital, a inauguração no Mindelo arrancou com uma visita guiada pelas instalações. A comitiva pôde conhecer de perto a infraestrutura, já funcional, que alberga empresas, eventos e programas de capacitação.
Pedro Lopes, Secretário de Estado da Economia Digital, destacou a importância estratégica dos parques tecnológicos nas ilhas de Santiago e São Vicente, sublinhando o impacto que estas infraestruturas terão na juventude cabo-verdiana e no posicionamento do país no panorama tecnológico africano. “É uma emoção muito grande. Este é um projeto que o governo tem vindo a trabalhar para criar uma verdadeira infraestrutura ao serviço dos jovens, no presente e no futuro”, afirmou, visivelmente orgulhoso ao ver o envolvimento direto de jovens nas atividades do parque.
As duas infraestruturas foram concebidas para estarem ao mais alto nível tecnológico e para acolherem não só empresas e startups, mas também programas de capacitação e inovação. “Ver os jovens que já estão aqui dentro, prontos para começar a trabalhar a partir do parque tecnológico e desenhar o futuro do nosso continente, é emocionante. Há que ter ousadia. Nós, jovens africanos, temos que ir para longe.”
“O futuro de Cabo Verde e o futuro de África vai, com toda a certeza, passar pelo talento dos nossos jovens e pelo digital”
Pedro Lopes, Secretário de Estado da Economia Digital
A terminar, o responsável reforçou a importância de continuar a investir no talento local e na inovação: “O futuro de Cabo Verde e o futuro de África vai, com toda a certeza, passar pelo talento dos nossos jovens e pelo digital.”
Helga “Guita” Ortet, promotora de eventos e CEO da empresa Soldout, plataforma digital, criada para venda de bilhetes, gestão de eventos e inscrições online, que esteve envolvida diretamente na produção dos dois eventos de inauguração, destacou o impacto positivo da criação dos parques tecnológicos para a economia e para o tecido empresarial jovem de Cabo Verde.
“O parque tecnológico acaba por atrair investimento para as startups cabo-verdianas e mobiliza mais jovens a entrarem para a área da tecnologia. Com a inauguração do TechPark, vemos cada vez mais pessoas a interessarem-se por este sector”, afirmou.
Para além da dimensão coletiva, a empreendedora sublinhou também os efeitos diretos na sua própria empresa, que esteve envolvida tanto na inauguração do polo da Praia como na de São Vicente. “De alguma forma, estes projetos ajudam os empreendedores a desenvolver o seu negócio e a prestar melhores serviços. Começámos a trabalhar cerca de um mês antes e só terminamos três ou quatro dias depois do evento. Apesar do cansaço, o saldo é positivo. Ficamos todos orgulhosos do trabalho.”
Esta aposta insere-se numa estratégia nacional de diversificação económica, que procura reduzir a dependência do turismo - que representa cerca de 25% do PIB.
O TechPark CV representa um marco na aposta de Cabo Verde na economia digital, ao criar condições para o florescimento de um ecossistema tecnológico sustentável, assente na juventude, no empreendedorismo e na inovação.
Késia Lima, administradora executiva do TechPark CV, sublinhou que este é apenas o início de uma nova fase. “A inauguração não é apenas a abertura de um edifício, mas de uma comunidade funcional. Já temos empresas instaladas, eventos em curso, e queremos agora fortalecer as parcerias existentes, atrair novas empresas e impulsionar a cultura de coworking e partilha, ainda pouco conhecida em Cabo Verde”, explicou.
A responsável destaca ainda que a missão do parque é servir de forma transversal a população cabo-verdiana e regional. “Queremos ser a casa dos jovens. Um espaço onde possam aceder às oportunidades certas, ligar-se a universidades, empresas, governo e parceiros. Nem sempre é fácil navegar pela quantidade de informação online, por isso este espaço físico permite um contacto mais direto e eficaz com o conhecimento”, disse.
No pipeline de programas do TechPark CV para os próximos meses está incluída uma nova parceria com a Intel: o AI for Citizens, um programa de formação online focado em literacia digital. “Vamos reforçar o nosso braço de programas, com foco na capacitação de jovens cabo-verdianos e também da região da África Ocidental. Queremos ser referência em formação tecnológica para os PALOP”, reforçou Késia Lima.
Além da infraestrutura de Mindelo e da Praia, Cabo Verde conta agora com três data centers e um total de cinco edifícios dedicados à economia digital. Esta aposta, iniciada em 2017, insere-se numa estratégia nacional de diversificação económica, que procura reduzir a dependência do turismo — que representa cerca de 25% do PIB — através da criação de novas âncoras económicas como a economia digital.
A presença de convidados internacionais reforçou a dimensão continental do evento. Christiana Onnoja, empreendedora nigeriana e cofundadora da She Code AI, elogiou a visão do projecto. “É inspirador ver um centro tecnológico com esta estrutura. A nossa plataforma trabalha para democratizar o acesso à inteligência artificial para mulheres em África, e encontrar um espaço como este, onde podemos colaborar e crescer, é valioso”, disse.
Também o influenciador e criador de conteúdos ganês, Wode Maya, conhecido por documentar iniciativas de excelência africana, marcou presença. “Cabo Verde é o meu 35.º país africano visitado, e ver este tipo de iniciativa tecnológica aqui prova que África está a mudar. O continente precisa de mais espaços como este — e a diáspora também deve olhar para Cabo Verde como um lugar para investir e construir”, afirmou.
No sector privado, também se fizeram ouvir vozes com expectativa no impacto do parque. “É um projecto ambicioso, mas só será transformador se beneficiar realmente a população em geral, e não apenas um grupo mais informado”, alertou uma empreendedora local durante a inauguração. A mesma fonte sublinhou o potencial do parque em mobilizar os jovens e criar postos de trabalho qualificados, destacando ainda a importância de garantir que sectores informais, como o comércio de rua, também possam tirar partido das tecnologias desenvolvidas no espaço.
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